Patrícia Mamona campeã universitária

Sábado, 11 Junho 2011
Patrícia Mamona campeã universitária

Em Iowa a portuguesa renovou o seu título.

Na final dos NCAA, competição máxima do desporto universitário norte-americano, Patrícia Mamona foi campeã de triplo salto e quase conseguia mínimos para o Mundial de Ar Livre.  

Foi a despedida perfeita por parte de Patrícia Mamona, que participou pela última vez nos NCAA, competição norte-americana de cariz exclusivamente universitário. Eram praticamente três da manhã em Portugal, quando em Iowa Patrícia Mamona encerrava uma carreira nos NCAA de enorme valia, em representação da sua universidade, Clemson.

À CHUVA QUASE CAIU RECORDE DOS NCAA E O MÍNIMO PARA DAEGU QUASE ACONTECEU

As condições atmosférias locais não foram propriamente uma ajuda ao resultado de Mamona, que teve um concurso de grande nível, apenas com um nulo e sempre com saltos acima dos 13.60 metros. A portuguesa sempre liderou o concurso, logo com o primeiro ensaio a 13.69 metros, marca que teria sido suficiente para se sagrar campeã. Acabaria por melhorar no segundo ensaio para 13.78 metros e no seu quarto ensaio a portuguesa acabou com 14.05 metros (vento favorável de 1.7 m/s), marca que ficaria a apenas dois centímetros do recorde da competição e a apenas cinco centímetros dos mínimos para os Mundiais de Ar Livre.

Nem a chuva impediu o sucesso da portuguesa, que foi campeã dos NCAA pela segunda vez consecutiva, feito que pela sua equipa (Clemson) só foi obtido uma vez, nos anos 80, por Tina Krebs, quando ganhou por esta equipa três títulos. Os cerca de 7000 espectadores que resistiram ao forte temporal, que levou até ao adiamento das provas por uma hora, aplaudiram o feito de Patrícia Mamona, a portuguesa mais bem sucedida no atletismo norte-americano.

Ontem ficou à frente da credenciada Kimberly Williams, a jamaicana que representa Florida State, que se ficou pelos 13.67 metros, numa luta pelo pódio renhida, já que a terceira classificada, Ganna Demydova ficou com 13.64 metros e a quarta classificada, Mara Griva, ficou com 13.62 metros.

“Ganhar significa imenso para mim, porque finalmente vou-me focar no triplo salto após competir em tantos eventos diferentes nos Estados Unidos da América”, disse a portuguesa, muito contente pelo desempenho no seu último evento NCAA. Agora que já terminou o curso, Patrícia Mamona considerou que após ter conseguido a qualificação para a final dos NCAA teve uma queda emocional, que acabou por passar no aquecimento para a prova : “Era a minha última prova como estudante e eu só queria terminar no meu melhor”.

UM ORGULHO EM CLEMSON...COM ORGULHO EM PORTUGAL

Saiu de Portugal com 19 anos para tentar formar-se em medicina nos Estados Unidos da América. A sua adaptação à nova forma de treinar foi lenta, com um primeiro ano em que estagnou nas suas marcas, apesar da ligeira melhoria na prova do triplo salto que realizou quando chegou a Portugal, voltando a treinar com o seu treinador de sempre, o Prof. José Uva.

Objectivada num futuro como médica, mas também com grande performance desportiva, Patrícia Mamona foi progredindo e ganhando estatuto desportivo dentro de Clemson. É em solo norte-americano que a portuguesa tem 16 recordes pessoais, mas é fora de terras de Uncle Sam onde possui os melhores registos anuais no triplo salto, excepção feita a 2011, onde a marca obtida nos NCAA consiste na sua melhor prestação do ano e a sua terceira melhor marca de sempre, superada pelos saltos de 14.07 e 14.12 metros obtidos no Europeu de Ar Livre.

O treinador responsável por Clemson, Lawrence Johnson, estava obviamente orgulhoso no final da prestação nos NCAA. “Ela esteve fantástica! Nós desenhámos um plano e ela executou tudo na perfeição. Não se pode pedir um melhor final na sua carreira de atleta universitária, quando ela conseguiu derrotar Kimberly Williams”.

Agora a atleta regressa na parte fundamental da época a Portugal e irá regressar para representar Portugal no Campeonato da Europa de Equipas, na prova de triplo salto. Voltará a preparar o restante da época com José Uva, treinador que estava obviamente orgulhoso pelo feito da atleta que formou em Portugal durante os escalões jovens : “Estou muito satisfeito e orgulhoso. É um feito ao alcance de poucos nos EUA.”. A sua esperança é que Patrícia Mamona consiga agora superar-se sob sua orientação, como tem sido hábito : “todos os anos ela tem conseguido melhorar a marca e espero que isso se repita”. Apesar de ainda não ter sido sondado para esse efeito, pode também acontecer que Patrícia Mamona represente Portugal na prova de 100 metros barreiras, prova onde é a melhor do ano, com 13,60 segundos, com a limitação de Eva Vital que só regressou às competições este fim-de-semana e apenas na distância dos 100 metros planos.

O objectivo da atleta é, no entanto, o mínimo para o Mundial de Ar Livre, onde apenas cinco centímetros bastam para o conseguir. Só por uma vez conseguiu estabelecê-la, no passado Europeu de Ar Livre, onde conseguiu 14.12 metros.

OS 40 MIL DÓLARES QUE FALTAM SÓ EM TROCA DA PROFISSIONALIZAÇÃO

O sistema universitário norte-americano é conhecido pelas suas propinas altas, onde o desporto é uma das escapatórias possíveis para atenuar ou conseguir cobrir totalmente esses custos. Durante o bacharelato essa possibilidade ficou coberta pelas prestações que realizou em provas que representou pela Universidade de Clemson, mas para prosseguir estudos é preciso muito mais.

Há cerca de um ano Patrícia Mamona queria muito conseguir antecipadamente os 40 mil dólares de que necessita para prosseguir os estudos na área da medicina. Esta necessidade é normalmente coberta pelas marcas desportivas que apostam nos atletas mais fortes do atletismo universitário norte-americano. Mas para já essa deve ser uma realidade difícil de alcançar, porque apesar de campeã, Patrícia Mamona está ainda longe de estar no topo mundial e a sua continuidade nos estudos dependerá agora de uma boa marca alcançada até ao final dos Mundiais de Ar Livre. A outra possibilidade é Patrícia Mamona dedicar-se ao atletismo nos Estados Unidos da América, integrando um grupo de treino, com custos que seriam facilmente suportados pela bolsa que recebe em Portugal. Uma possibilidade mais remota é a atleta continuar a carreira em Portugal, até porque em caso de não conseguir financiar os estudos, a atleta pode sempre rumar a Inglaterra, onde tem família.

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