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Frank Casañas foi um dos destaques.
Sporting dominaria este Torneio Ibérico, não fossem alguns percalços e tremidelas de uma equipa que não terá todas as garantias de um bom resultado na TCCE de Pista.
No Estádio 1º de Maio, em Lisboa, o Sporting e o Playas de Castellon mediram forças, antes de se defrontarem na Taça dos Clubes Campeões Europeus, dentro de duas semanas. Foi um teste com olhar atento de Moniz Pereira, que não parou de tirar tempos e de olhar o evento, que o teve como homenageado, através do nome.
OBIKWELU NO MELHOR E NO PIOR MOMENTO DA EQUIPA
Francis Obikwelu foi talvez o melhor elemento da equipa leonina, numa tarde onde ocorreram outros momentos da equipa masculina, sem o óbvio brilho do velocista, que mudou de marca desportiva. Participou nos 100 metros, onde correu descontraído em 10.38 segundos, sem forçar muito e após uma intensa semana de treinos. “Daqui a 15 dias espero fazer melhor do que hoje”, começou por dizer Obikwelu, que já deu a receita para as boas marcas nesta época: “só preciso de um bom adversário”. Dois meetings em Junho (a 3 em Marrocos e a 12 na Polónia), marcarão o seu momento competitivo internacional, antes da representação nacional no Campeonato da Europa de Equipas e após a Taça dos Clubes Campeões Europeus, em pista.
Contudo foi na estafeta de 4x100 metros que a prova se ia complicando, com a equipa leonina a não terminar por uma deficiente última transmissão, entre André Biveti (correu série B dos 100 metros em 11,02 segundos) e Francis Obikwelu. Hoje foi até o dia que marcou um bom regresso de Ricardo Pacheco (correu os 100 metros em 10,76 segundos), uma das pedras fundamentais da estafeta sportinguista e nacional num passado recente.
A melhor prova masculina acabou por ser o concurso do lançamento do disco, com Frank Casañas (Playas Castellon) a brilhar com um forte lançamento a 66.62 metros, marca que se aproxima do seu melhor na época passada e que o coloca para já com a quarta melhor marca mundial deste ano. Também o português Jorge Grave (Sporting) esteve num bom nível, lançando 59.25 metros, o que acaba por ser optimista para o lançador.
Nos 3000 metros esteve um tranquilo Rui Silva (Sporting) que controlou a prova do princípio ao fim, fugindo dos adversários no tempo certo para triunfar em descansados 8.13,70 minutos. Nem a aproximação do espanhol Javier Abad (8.14,65 minutos) o incomodou, depois de este ter ultrapassado o leonino Ricardo Mateus (8.15,24 minutos) na recta da meta. Tal como outros, esta é uma fase intensa de treinos, com vista ao treino dos 5000 metros, prova que para além dos 3000 metros deve ser corrida por si na Taça dos Clubes Campeões Europeus. Para os Mundiais de Ar Livre, Rui Silva está ainda indeciso entre os 5000 e os 10000 metros, sendo que correrá os 5000 metros também em Huelva (2 de Junho) e em Lausanne (30 de Junho), este último para fazer o derradeiro teste na distância. Quanto ao Torneio Ibérico, as poucas centenas de pessoas presentes na bancada não satisfizeram o fundista sportinguista, que esperava mais. “Às vezes fico triste por não haver mais pessoas nos eventos em Portugal”, realçando o espírito vivido nas TCCE de pista.
Quem hoje não esteve tão bem foi Tiago Boucela, que no salto em altura ficou-se por 1.90 metro e não fez qualquer salto válido no triplo salto, mesmo não sendo esta a sua especialidade. Fica difícil para o Sporting resolver a lacuna deixada por Roman Gulyi, no salto em altura, que será brevemente operado ao joelho. No triplo salto Ricardo Jaquité apresentou-se hoje ao seu nível, com 15.64 metros.
Na volta à pista, João Ferreira (52,17 segundos nos 400 metros) e António Rodrigues (48,88 segundos nos 400 metros barreiras), obtiveram importantes vitórias individuais para o Sporting, enquanto que nas duas restantes provas de fundo as vitórias pertenceram aos homens do Playas de Castellon : Muri Castillo (3.43,21 minutos nos 1500 metros) e Enrique Sanchez (8.55,05 minutos nos 3000 metros obstáculos).
Contas feitas, vitória colectiva do Sporting, com 47 pontos, contra os 46 pontos do Playas de Castellon. Quebrou-se o enguiço de vencerem sempre as equipas que competiam fora e neste momento é o Sporting que lidera o número de título colectivos (2 contra 1 do Playas de Castellon, obtido na primeira edição).
NÉDIA SEMEDO MOSTROU-SE...SÓNIA TAVARES E NAIDE GOMES ESTIVERAM BEM
Uma das expectativas da tarde, em provas femininas que não contavam para o Troféu Ibérico e que não tinha a presença de atletas estrangeiras, era a participação de Nédia Semedo (Belenenses), nos 800 metros. Após quatro anos, depois de uma pausa na carreira e de ter sido mãe, a atleta reapareceu em razoáveis 2.06,14 minutos, à frente da sportinguista Sandra Teixeira (2.08,21 minutos), mas desclassificada, sem se ter esclarecido o motivo. Esta prova coloca, desde já, um obstáculo a Sandra Teixeira, que apesar de ser a titular para a Taça dos Clubes Campeões Europeus, pelo Sporting, poderá perder o seu lugar para o Campeonato Europeu de Equipas, lugar que tem ocupado nas últimas duas temporadas.
No salto em comprimento a vencedora foi a favorita Naide Gomes (Sporting), com 6.48 metros, salto obtido com vento no limite do regulamentar (+2.0 m/s). O concurso terá sido pessoalmente bom para quase todas as atletas presentes, já que Marta Godinho (GD Estreito) obteve 6.08 metros, Shaina Mags (Sporting) e 6.06 metros, com regresso às competições da juvenil Teresa Carvalho (5.62 metros) e ainda de Susana Costa (Sporting), que já não fazia comprimento há cinco temporadas, mas que se ficou por 5.37 metros. No final, Naide Gomes reagia feliz pelo seu resultado, numa pista mais dura e mais “dolorosa” nos saltos, principalmente numa atleta que mantém a lesão no pé esquerdo, que a obriga a saltar com ligadura. Quanto a este problema Naide Gomes espera ser debelado até aos Mundiais de Ar Livre, já quanto à prova encarou-a como um treino, principalmente na fase da corrida de balanço : “Foi um bom treino para o resto que falta da época”. As próximas provas de Naide Gomes, além da Taça dos Clubes Campeões Europeus, serão o meeting de Innsbruck (3 de Junho) e o meeting de Lausanne (30 de Junho), este a contar para a Liga Diamante.
Os 200 metros também trouxeram dois resultados interessantes, obtidos por Sónia Tavares (Sporting), vencedora com 23.86 segundos e Carla Tavares (Sporting) em 24,09 segundos. Sónia Tavares fica assim a 56 centésimos dos mínimos “B” para o Mundial de Ar Livre, um objectivo ainda distantes mas que marcam uma boa abertura no ar livre. Por fim, Sílvia Cruz (Sporting) assinalou uma boa presença no lançamento do dardo, ao obter 55.02 metros, tendo ainda sido anulado um dos seus lançamentos em torno dos 57 metros.
RESULTADOS (vencedores e melhores portugueses):
Masculinos (Torneio Ibérico):
100 m – Francis Obikwelu (Sporting) – 10,38
400 m – António Rodrigues (Sporting) – 48,88
1500 m – Mauri Castillo (Playas de Castellon) – 3.43,21 | 2º - Hélio Gomes (Sporting) – 3.43,21
3000 m – Rui Silva (Sporting) – 8.13,70
400 m Barr. – João Ferreira (Sporting) – 52,17
3000 m Obst – Enrique Sanchez (Playas de Castellon) – 8.55,05 | 2º - Mário Teixeira (Sporting) – 8.55,63
Altura – Jorge Debón (Playas de Castellon) – 2.05 | 2º - Tiago Boucela (Sporting) – 1.90
Triplo – Jorge Gimeno (Playas de Castellon) – 15.64 | 2º - Ricardo Jaquité (Sporting) – 15.55
Disco – Frank Casañas (Playas de Castellon) – 66.62 | 2º - Jorge Grave (Sporting) – 59.25
4x100 m – Playas de Castellon – 41,34
Femininos (Provas Extra):
200 m – Sónia Tavares (Sporting) – 23,86
800 m – Sandra Teixeira (Sporting) – 2.08,21
Comprimento – Naide Gomes (Sporting) – 6.48
Dardo – Sílvia Cruz (Sporting) – 55.02
Rui Silva convenceu responsáveis leoninos para a TCCE, nos 3000 metros.
Naide Gomes saltou com limitações, mas com nível competitivo.
Chegada dos 200 metros femininos, com excelente prova de Sónia Tavares.
Sílvia Cruz demonstrou novamente boa forma competitiva.
Enviados Especiais : Edgar Barreira (texto) e Joana Oliveira (fotos)
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