Tadese perto do recorde na Meia de Lisboa

Domingo, 20 Março 2011
Tadese perto do recorde na Meia de Lisboa

Dulce Félix alcança recorde nacional da Meia-Maratona.

Zersenay Tadese quase batia novamente o recorde do Mundo da Meia-Maratona. 

Foi uma manhã com algum calor em Lisboa, onde o vento soprava na zona ribeirinha, junto ao Rio Tejo. Da Ponte 25 de Abril partiram os mais de 30 mil atletas populares, para a Mini-Maratona e Meia-Maratona, enquanto que de Algés partiam as cadeiras de roda e os atletas de elite, por forma a homologar eventuais recordes.

Se no ano passado esta situação foi fundamental para que o eritreu Zersenay Tadese batesse o recorde mundial, este ano a situação permitiu até um recorde nacional, um facto muito importante numa prova onde os portugueses nem sempre alcançam um estatuto importante.

ZERSENAY TADESE LUTOU PARA QUEDA DE RECORDE, MAS AS LEBRES...

Com a ausência anunciada de Samuel Wanjiru, as atenções focaram-se totalmente no recordista mundial da distância, um feito obtido por Zersenay Tadese no ano passado, na 20ª edição da Meia-Maratona de Lisboa. Na altura o eritreu tinha corrido a distância em 58.23 minuto e era o alcance dessa marca, o grande objectivo, que seria premiado com 50 mil euros.

Luís Feiteira

Até aos sete quilómetros, Tadese esteve incluído num grupo onde as lebres faziam o seu trabalho, mas cedo o eritreu veio para a frente e fez todos os restantes 14 quilómetros completamente sozinho, num calor que até suportava, mas contra um vento que prejudicou a sua marca. Segundo Tadese esta situação ocorreu porque aos três quilómetros as lebres contratadas já estavam fora dos tempos de passagem previstos, obrigando o eritreu a ter um papel mais proactivo para tentar alcançar o recorde.

Com passagens em torno do recorde do Mundo (5 Km-14.01 ; 10Km-27.42 ; 15Km-41.30 ; 20Km-55.24), tudo era possível à entrada do último quilómetro. Com o sol já mais quente e os últimos metros feitos contra o vento, as possibilidades foram-se reduzindo e, apesar do esforço, Zersenay Tadese perdeu a oportunidade de mais um recorde do Mundo, embora ao mesmo tempo tenha obtido a segundo melhor marca de sempre, ao terminar em 58.30 minutos. “Para o ano espero regressar para obter o recorde”, disse Zersenay Tadese no final, queixando-se fundamentalmente do algum vento que sentiu. O eritreu repetia, assim, a vitória nesta Meia-Maratona de Lisboa, na sua 21ª edição.

Atrás de si ficaram outros atletas de valia, como os quenianos John Mwangangi (1:00.30 hora) e Silas Sang (1:00.38 hora), que completaram o pódio da prova portuguesa. O melhor português acabou por ser Luís Feiteira (Individual), que concluiu na 11ª posição, com o tempo de 1:04.18 hora, fugindo a Sérgio Silva (Maia AC) e ao jovem Tiago Costa (SC Braga). Um dos favoritos a melhor português, Hermano Ferreira (Conforlimpa) ficou no 22º lugar, já longe do melhor resultado.

DULCE FÉLIX “ROUBA” O RECORDE A ALBERTINA DIAS

Com nomes importantes do atletismo mundial, havia alguma expectativa sobre a marca a fazer por Dulce Félix (Maratona). A prova decorreu com um grupo formado na frente que foi ficando mais restrito, mas sempre com Dulce Félix presente. Com o aproximar da chegada a etíope Aberu Kebede veio para a frente sozinha, numa vitória que a partir daí se desenhava simples.

Dulce Félix

Dulce Félix teve ao longo da sua corrida uma lebre de luxo, Ricardo Ribas (Maratona), que foi uma ajuda fundamental para marcar o ritmo da portuguesa, que já à entrada do último quilómetro lança um ataque feroz, apanhando e ultrapassado a etíope. Sentido a vitória fugir-lhe, Aberu Kebede não se deixou surpreender e voltou a distanciar-se da portuguesa, para uma vitória em 1:08.28 hora.

A portuguesa chegaria logo depois, com o registo de 1:08.33 hora, uma marca de grande valia internacional, estando entre as 10 melhores marcas do ano e a melhor marca europeia também deste ano, numa altura em que a portuguesa de prepara para a Maratona. Mas a marca tem algo mais de especial, já que destrona o recorde nacional da distância, que pertencia a Albertina Dias desde 1995. Se tivesse ganho a edição da Meia-Maratona de Lisboa entraria na história como a segunda portuguesa a consegui-lo, mas Kebede não deixou e foi mais forte. Não muito distante chegava a queniana Grace Momanyi, com o tempo de 1:08.41 hora. A segunda melhor portuguesa chegaria já distante, no 18º lugar, com o tempo de 1:15.47 hora, sendo ela Mónica Silva (Maratona).

“Ainda tentei ganhar, mas já vinha em quebra”, começou por dizer Dulce Félix no final, considerando-se num bom momento de forma e feliz por ter conseguido bater uma série de atletas africanas reputadas. Sobre o recorde nacional considerou ser “um orgulho muito grande”, sabendo que era possível. Após o estágio que efectuou, esta descida a Lisboa para este resultado acabou por ser saboroso para a portuguesa, que agora continuará a preparação para a Maratona.

ALBERTO BATISTA NO PÓDIO DAS CADEIRAS DE RODA

Decorreu ainda a prova para cadeira de rodas, onde a Suiça foi o destaque, com vitórias em ambos os géneros. O jovem Marcel Hug (Suiça) foi o vencedor numa disputa apertada com o francês Alain Fuss. Hug acabou com o tempo de 45.15 minutos, enquanto que Fuss acabaria apenas com mais um segundo. Bem esteve o português Alberto Batista, ao terminar no terceiro lugar, com 48.05 minutos, frente ao mais conceituado Heinz Frei (Suiça), que terminou com os mesmos 48.25 minutos do português Alexandrino Silva. Em femininos venceu Sandra Graf (Suiça) com 51.19 minutos, seguida de Manuela Schar e Sandra Hager, ambas suiças.

Pódio Cadeira de Rodas

CARLOS MÓIA SATISFEITO COM MAIS UMA EDIÇÃO

Feliz pelas provas de elite estava Carlos Móia, presidente do Maratona Clube de Portugal, clube organizador desta Meia-Maratona de Lisboa. Móia enalteceu a capacidade de Zersenay Tadese e sobre a manutenção do recorde do Mundo da Meia-Maratona considerou que “ainda bem que não se bateu senão até parece que é fácil”. Deu ainda os parabéns à sua atleta, Dulce Félix, pelo recorde nacional alcançado, considerando-o bastante importante para o evento “Houve um recorde em Lisboa e ainda bem para as cores nacionais”.

Também Laurentino Dias, Secretário de Estado da Juventude e Desporto, deu os parabéns à portuguesa, que foi o destaque da conferência de imprensa. Para ele “o resultado da Dulce Félix vai ficar na história desta Meia-Maratona”, um evento que considera importante para o desporto português.

RESULTADOS:

Masculinos:

1. Zersenay Tadese (Eritreia) – 58.30
2. John Mwangangi (Quénia) – 1:00.30
3. Silas Sang (Quénia) – 1:00.38
4. Robert Kipchumba (Quénia) – 1:00.43
5. Mike Kigen (Quénia) – 1:00.49
6. Evas Cheruiyot (Quénia) – 1:01.50
7. Leonard Langat (Quénia) – 1:01.51
8. Yacob Kintra (Etiópia) – 1:02.41
9. Abderhaim Bouramdane (Marrocos) – 1:03.47
10. Solonei Silva (Brasil) – 1:04.10
11. Luís Feiteira (Portugal) – 1:04.18
12. Sérgio Silva (Portugal) – 1:04.22
13. Tiago Costa (Portugal) – 1:04.32

Femininos:
1. Aberu Kebede (Etiópia) – 1:08.28
2. Dulce Félix (Portugal) – 1:08.33
3. Grace Momanyi (Quénia) – 1:08.41
4. Pauline Ndjeri (Quénia) – 1:08.55
5. Iness Chenonge (Quénia) – 1:09.08
6. Helena Kirop (Quénia) – 1:09.50
7. Diana Chepkemoi (Quénia) – 1:10.40
8. Rita Jeptoo (Quénia) – 1:10.54
9. Salinas Kosgei (Quénia) – 1:13.49
10. Maria Kovaleva (Rússia) – 1:13.51
...
18. Mónica Silva (Portugal) – 1:15.47
19. Doroteia Peixoto (Portugal) – 1:16.55


Frente Feminina
Dulce Félix com a companhia de Ricardo Ribas, durante o seu caminho para o recorde nacional.

Pódio feminino das cadeiras de rodas
O pódio feminino da prova de cadeira de rodas, com três suiças.

Armando Aldegalega
Armando Aldegalega foi distinguido com Prémio Rosa Mota, entregue por Laurentino Dias.

Carlos Móia e Tadese
Pelo segundo ano consecutivo, Carlos Móia e Zersenay Tadese formaram uma dupla de Ouro, mas desta vez sem recorde.

Enviado Especial : Joana Oliveira (fotos)

| Mais


Comentarios (3)add feed
Jéssica Augusto : Espectador atento
Parabéns à Dulce Felix pela grande marca, e a todos os atletas do cross Mundial smilies/cheesy.gif

Venho comunicar um resultado de uma prova que esteve a decorrer em Nova Iorque, sim, a Meia-Maratona com a presença da Portuguesa Jéssica Augusto, a lusitana foi 7ª classificada com a marca de 1h10.00

Jessica acompanhou as atletas da frente na primeira metade do percurso (passou aos 10 km em 33.21 minutos), mas cedeu depois. A queniana Edna Kiplagat, com 1.09.00, e a norte-americana Kara Goucher, com 1.09.03, completaram o pódio.

Obrigado!
Março 20, 2011
... : Ed
De referir que a marca da Dulce Félix é A 8ª melhor marca europeia de todos os tempos em provas devidamente homologadas. Albertina Dias fez em 1996 1.08.21 e Fernanda Ribeiro fez 1.08.23 em 2000, ambas em 3º lugar na mesma meia-maratona de Lisboa, que hoje é uma prova devidamente homologada para a Elite.
Março 20, 2011
aaaaaaaa : aaaaaaaa
O Tadese parecia uma mota. smilies/grin.gif smilies/grin.gif Grande resultado da Dulce e do Tiago Costa! Record pessoal para os dois.

Grande organização, mostramos que somos bons naquilo que organizamos... parabéns ao MCP. ISTO É ATLETISMO! smilies/grin.gif smilies/grin.gif
Março 21, 2011
Escreva seu Comentario
quote
bold
italicize
underline
strike
url
image
quote
quote
Smiley
Smiley
Smiley
Smiley
Smiley
Smiley
Smiley
Smiley
Smiley
Smiley
Smiley
Smiley


Escreva os caracteres mostrados


 
< anterior   Seguinte >









facebook atleta-digital rss atleta-digital
 
SRV2