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Meia-Maratona do Centenário teve clima de festa.
Novamente dominada por africanos, novamente num clima de festa, à Meia-Maratona de Portugal (este ano do Centenário) só faltou melhores resultados desportivos.
A 11ª edição da Meia-Maratona de Portugal, com o apoio dos Jogos do Centenário e por isso denominada “Meia-Maratona do Centenário”, gerou novamente a festa no Parque das Nações, agora mais pobre desde que não é realizado o espetáculo com as colectividades, promovido pela AML.
A Organização, a cargo do Maratona de Portugal, apostava tudo nesta edição, mudando a partida da prova principal para o início do tabuleiro principal da Ponte Vasco da Gama, para tornar a prova mais rápida, embora ao mesmo tempo os resultados não possam ser oficialmente homologados desse ponto de partida. Foi esse o motivo que fez com que os atletas de elite partissem ao nível do rio, junto a um dos extremo do Parque das Nações, juntando-se ao percurso dos outros atletas, a partir do terceiro quilómetro.
A prova cedo se começou a definir, do lado masculino, com um grupo de seis africanos a passar na frente da corrida ao primeiro quilómetros e os restantes portugueses noutro grupo mais atrás. Ao longo da corrida o grupo dos africanos passou a ser mais reduzido e aos 10 quilómetros o grupo composto por Tadese Tola (Etiópia), Josphat Menjo (Quénia) e Francis Kiprop (Quénia) passou em 28.20 minutos. À passagem da mesma quilometragem, já Mary Keitany (Quénia), em femininos, seguia sozinha, para o que viria a ser uma corrida em solitário.
Se até aos 10 quilómetros as perspectivas de tentar baixar da hora na prova masculina, pareciam possíveis, com uma segunda parte da prova mais lenta, que só acelerou nos dois quilómetros finais, esse objectivo de baixar da hora saiu gorado e o vencedor, Tadese Tola, acabou mesmo com o registo de 1:01.03. Ainda abaixo da 1:02 hora, chegaram os quenianos Josphat Menjo (1:01.42) e Francis Kiprop (1:01.47) e só muito depois chegaria o tanzaniano Dickson Marwa (1:03.14).

Em femininos, tal como ao longo de toda a prova, Mary Keitany foi avassaladora e triunfou em 1:08.46 hora, uma marca que comparativamente com a marca masculina acaba por se destacar. As queniana ocuparam mesmo as primeiras quatro posições com Alice Timbilili (1:10.08) e Agnes Kiprop (1:10.29) a conseguirem chegar ao pódio.
Tanto em masculinos, como em femininos, as desilusões acabaram por ser alguns dos principais nomes que haviam sido contratados para esta competição. Casos do campeão europeu de Maratona, Viktor Rothlin, que terminou a prova fora dos 12 primeiros classificados, ou o caso das duas atletas chinesas, que não foram além de modestos 5º e 11º lugares. O vento contra, deste novo percurso, terá prejudicado em muito as provas., uma situação que até era de prever, sabendo-se do vento que normalmente domina a zona marginal da cidade de Lisboa.
HERMANO FERREIRA E DULCE FÉLIX OS MELHORES PORTUGUESES
A prova entre os portugueses teve dois suspeitos do costume,Hermano Ferreira que tinha vencido ainda este ano a Meia-Maratona de Lisboa e Ana Dulce Félix, que há um ano também havia sido a melhor portuguesa, no segundo lugar.
A prova de Hermano Ferreira poderá ter sido a última com as cores do Maratona Clube de Portugal, embora o atleta tenha deixado no ar que tanto poderá renovar com o Maratona Clube de Portugal, como ingressar no Conforlimpa, já que prepara neste momento a Taça dos Clubes Campeões Europeus de Estrada, que se realiza no próximo mês. O atleta foi 6º classificado com o tempo de 1:03.48 hora, a quase um minuto do seu recorde pessoal: “Estou satisfeito. Foi um bom teste para a Taça dos Clubes Campeões Europeus de Estrada”, declarou no final. O atleta, sem saber se estará com objectivos de pista ou de estrada para os próximos Mundiais de Atletismo, aponta tudo para os Jogos Olímpicos de 2012. Pouco depois chegou Rui Silva (Sporting), que após pouco mais de um mês de treinos, aproveitou para desfrutar da prova, não muito longe do recorde pessoal (1:04.42). Sem obcessão pelo longo prazo, “eu quero é estar em condições de poder treinar e de não ter dói-dói, como nos costuma dizer o Moniz Pereira...”.
No sector feminino, foi Ana Dulce Félix a voltar a ser a melhor portuguesa, mas longe do que havia feito há um ano. Depois de há uma semana ter feito a Meia-Maratona de Newcastle, com um dos melhores tempos da história do atletismo português, hoje a atleta limitou-se a fazer um treino rápido “já que tinha um treino de duas horas programado”. A portuguesa, que terminou com o registo de 1:13.53 hora (7º lugar), cumpriu as marcas de passagem ditadas pela sua treinadora e tem dois objectivos próximos, a Taça dos Clubes Campeões Europeus, já com as cores do Maratona Clube de Portugal, o seu novo clube e a Maratona de Nova Iorque, prova para a qual se está a preparar afincadamente. “Estou a sentir-me muito bem nos treinos”, disse tranquila aos jornalistas, anunciando que fará um estágio, provavelmente de 12 dias, em Mira, para preparar a Maratona de Nova Iorque, no próximo mês de Novembro.


MINI-MARATONA COM CRUZAR DE META ESPECIAL...MAS COM DISTÂNCIA ENCURTADA...
A Mini-Maratona, onde participaram a maioria dos 17 mil inscritos, teve um cruzar de meta de mãos dadas, entre Ricardo Paixão (Benfica) e Sérgio Dias (Maratona). Os dois atletas, conhecidos dos escalões jovens, agiram assim em solidariedade um com o outro, numa prova que não tem classificação e que para Sérgio Dias mostra mais um importante momento, numa altura em que ainda é recluso, apesar de ter mais permissões de liberdade. Neste momento, o atleta espera por um indulto presidencial, que espera que possa acontecer em Dezembro, ou então em Março. Com o apoio cada vez maior por parte do Maratona Clube de Portugal, Sérgio Dias pode regressar à competição quando sair da prisão, treinando nos terrenos anexos do Estabelecimento Prisional do Linhó. A marchadora Ana Cabecinha também marcou presença, aproveitando para fazer alguma corrida, num momento em que estará a regressar à nova época.
A nódoa acabou por ser as muitas queixas relativamente à anunciada distância de 8 quilómetros, que segundo muitos dos atletas presentes terá sido bem menor.
RESULTADOS:
Masculinos:
1. Tadese Tola (Etiópia) – 1:01.03
2. Josphat Menjo (Quénia) – 1:01.42
3. Francis Kiprop (Quénia) – 1:01.47
4. Dickson Marwa (Tanzânia) – 1:03.14
5. Emmanuel Mutai (Quénia) – 1:03.18
6. Hermano Ferreira (Maratona) – 1:03.48
7. Rui Silva (Sporting CP) – 1:04.42
8. Tesfayohannes Mesfin (Eritreia) – 1:05.21
9. Ricardo Ribas (Conforlimpa) – 1:06.50
10. Sérgio Silva (Maia AC) – 1:06.56
Femininos:
1. Mary Keitany (Quénia) – 1:08.46
2. Alice Timbilili (Quénia) – 1:10.08
3. Agnes Kiprop (Quénia) – 1:10.29
4. Lydia Cheromei (Quénia) – 1:11.26
5. Xiaolin Zhu (China) – 1:13.24
6. Rosalba Console (Itália) – 1:13.42
7. Ana Dulce Félix (SC Braga) – 1:13.53
8. Anália Rosa (Maratona CP) – 1:14.05
9. Ana Dias (Casa Benfica Faro) – 1:15.00
10. Mónica Silva (Maratona CP) – 1:15.23

Abraço entre os dois primeiros da Mini-maratona, mais um momento de força para Sérgio Dias.

Uma das participantes da Mini-Maratona mais rápida a chegar ao final, Ana Cabecinha, marchadora internacional.

Vencedora feminina da competição de cadeira de rodas.

Vencedor masculino da competição de cadeira de rodas.
Enviados Especiais : Edgar Barreira e Joana Oliveira (fotos)
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