Europeu de Ar Livre recheado de expectativas e curiosidades.
Começa amanhã mais uma edição do Europeu, onde não faltam bons despiques internacionais.
Este Campeonato da Europa de Ar Livre promete alguns bons despiques, embora seja pouco provável a obtenção de recordes, uma realidade que se pretende com um ligeiro decréscimo de qualidades nesta época da maioria das especialidades.
VELOCIDADE ENTRE JOVENS E CINQUENTENÁRIOS
A velocidade é um dos sectores onde as expectativas existem de forma mais elevada e onde Marlene Ottey (Eslovénia), com 50 anos, será a participação mais surpreendente. A eslovaca, que participará nos 4x100 metros, nasceu na Jamaica e representou este país durante algum tempo, naturalizando-se mais tarde pela Eslováquia. Agora participará com 50 anos e fará história como a mais velha participante em Europeus de Ar Livre.
Tal como habitual, os 100 metros masculinos serão motivo de observação, já que se espera uma boa final entre o experiente Dwain Chambers (Grã-Bretanha) e a recente novidade Cristophe Lemaitre (França), o primeiro atleta caucasiano a baixar dos 10 segundos. Os dois possuem tempos semelhantes, embora Chambers, pela maior consistência de marcas, seja uma natural favorito. Também nos 100 metros masculinos reside outra das curiosidades. Lemaitre participará ainda nos 200 metros, onde aí é mais favorito ainda.O paralímpico Jason Smith (Irlanda) fará história como o primeiro paralímpico participante em Europeus de Ar Livre.
Na velocidade feminina são as atletas de leste que têm o predomínio, já que lideram as listas europeias, tanto nos 100, como nos 200 metros. Ainda assim esta não é a fase mais famosa da velocidade europeia, com marcas afastadas de outros tempos.
BARREIRAS COM TUDO EM ABERTO
As provas de barreiras não têm reais referências que se destaquem à excepção de David Green (Grã-Bretanha) que em Barcelona parte como claro favorito à vitória nos 400 metros barreiras, depois de dominar toda a época europeia nesta especialidade. Nos 100 metros barreiras masculinos, quatro atletas encontram-se entre os 13,27 e os 13,32 segundos, como melhores da época, esperando-se uma boa disputa.
Também no sector feminino existe indefinição quanto ao resultado final, onde russas, alemãs e checas se apresentam como favoritas, ou nos 110 metros ou nos 400 metros barreiras.
MEIO-FUNDO E FUNDO MUITO HETEROGÉNEO
Os 800 e os 1500 metros são sempre corridas mais tácticas do que qualitativas em resultados, pelo que arriscar num favorito é sempre uma dificuldade. Contudo Yuriy Borzakowskiy (Rússia) é sempre um claro candidato à vitória nos 800 metros, pelo seu estatuto mundial. Do lado feminino Maria Savinova (Rússia) é a melhor do ano, mas não se pode esquecer nunca do poderio de Jennifer Meadows (Grã-Bretanha). Nos 1500 metros, os britânicos Andy Baddeley e Tom Lancashire são os melhores do ano, embora os espanhóis (com Arturo Casado e Juan Carlos Higuero) sejam sempre candidatos a um bom resultado. Em femininos é Anna Alminova (Rússia) a grande favorita, com dois segundos de vantagem na melhor marca da época sobre as suas mais directas adversárias.
Nos 5000 metros masculinos o espanhol Alemayehu Bezabeh (Espanha) está em grande forma e obteve esta temporada a sua melhor marca de sempre (12.57,25 minutos). Apesar disso, depois de um estágio no Quénia, Mo Farah (Grã-Bretanha) não deverá ser osso fácil de roer, esperando-se que seja entre estes dois que se desenrole a parte final da competição. Os britânicos poderão ter outra facilidade nos 10000 metros, já que além de Mo Farah, estará Chris Thompson, ambos com marcas abaixo dos 28 minutos.
As portuguesas (Sara Moreira e Jéssica Augusto) detêm o estatuto de favoritas tanto nos 5000, como nos 10000 metros, mas devem contar com a oposição da turca Elvan Abeylegesse, que detém as melhores marcas nestas distâncias. Sem ser a turca, apenas Alemitu Bekele (Turquia), nos 5000 metros e Sabrina Mockenhaupt (Grã-Bretanha) nos 10000 metros deverão ter argumentos para se intrometer na luta.
Os 3000 metros Obstáculos terão em Marta Dominguez (Espanha) a grande candidata à vitória feminina, enquanto que o domínio masculino pertence a dois atletas franceses (Bouabdellah Tahri e Mahiedine Benabbad).
A Maratona será sempre imprevisível e o resultado final também dependerá das condições climatéricas. Além dessas condições variáveis, tudo está em aberto já que os principais nomes europeus desta época não virão a Barcelona, deixando para outros atletas a consagração como campeões europeus.
RUSSOS E GERMÂNICOS FAVORITOS NOS SALTOS
A final do salto em altura masculina poderá ter três russos favoritos na final, sendo provável que as últimas alturas do concurso sejam disputadas por estes (Aleksey Dmitrik, Aleksander Shustov e Ivan Ukhov). Contudo atletas como Linus Thornblad (Suécia), Kyriakos Ioannou (Chipre) e Wojciech Theiner (Polónia), poderão surpreender. Em femininos, três atletas perfilam-se como candidatas: Blanka Vlasic (Croácia), Ariane Friedrich (Alemanha) e Antonietta di Martino (Itália). Ruth Beitia (Espanha) poderá ser uma outsider, pelo que tudo estará em aberto.
O salto com vara masculino parece ter um claro candidato à vitória, com o francês Renaud Lavillenie a ser o único capaz de saltar perto dos 6 metros. Contudo é seguido por dois alemães nas listas europeias, que poderão superar-se em Barcelona: Raphael Holzdeppe e Malte Mohr (ambos com 5.80 metros este ano). Em femininos a disputa poderá ser interessante na final, com quatro atletas acima dos 4.70 metros – Carolin Higst e Silke Spiegelburg (Alemanha), Svetlana Feofanova (Rússia), Anna Rogowska (Polónia).
No salto em comprimento masculino, a Alemanha volta a apresentar o melhor europeu da época, Christian Reif com 8.27 metros, mas com mais cinco atletas acima dos 8.20 metros (Pavel Shalin, Salim Sdiri, Tommi Evila e Morten Jensen), não se podendo esquecer também o regresso de Andrew Howe (Itália) que se tem apresentado num crescendo de forma. Nas mulheres, a portuguesa Naide Gomes é sempre uma candidata, mas tem na sua frente três russas (Olga Kucherenko, Liudmila Kolchanova e Tatyana Kotova) e ainda a polaca Nastassia Mironchyk. Ainda com a ex-portista Ksenija Balta (Estónia) acima dos 6.80 metros, este concurso promete.
Por fim o triplo salto, que do lado masculino terá Teddy Tamgho (França) e Philips Idowu (Grã-Bretanha) como principais candidatos, tal como Christian Olsson (Suécia). Do lado feminino a disputa deverá ser feita mas a um nível inferior, embora disputado, onde a principal atleta presentes deva ser a ucraniana Olha Saladuha (14.78 metros nesta época).
LANÇADORAS DE LESTE PODEM DOMINAR EUROPEUS
O lançamento do peso deve ser uma das especialidades de domínio de leste, não fosse o super domínio de Andrei Mikhnevic (Bielorrússia), mas seguido de perto por Maris Urtans (Letónia), Tomasz Majewski (Polónia) e Pavel Lyzhyn (Bielorrússia). As bielorrussas dominam também no sector feminino, com as três melhores marcas europeias conquistadas até agora pela favorita Nadzeya Ostapchuk e ainda Yanina Karolchyk e Natallia Mikhnevich.
O eterno Gerd Kanter (Estónia) é novamente candidato à vitória no lançamento do disco masculino, enquanto que do lado feminino Nadine Muller (Alemanha) é também candidata, embora não com tanta supremacia como Kanter, já que possui atletas como Sandra Perkovic (Croácia) ou Natalia Sadova (Rússia), como atletas à espreita de um lugar ao sol.
Dois atletas acima dos 80 metros (Libor Charfreitag e Pavel Kryvitski) é o que existe até agora no lançamento do martelo, mas tudo estará em aberto já que o húngaro Krisztian Pars é sempre um candidato a esta prova. Três titânicas atletas devem fazer boa disputa no sector feminino, pelo seu estatuto e pelas marcas desta época: Anita Wlodarczyk (Polónia), Tatiana Lysenko (Rússia) e Betty Heidler (Alemanha).
Já no dardo Andreas Thorkildsen (Noruega) é um dos poucos candidatos de leste à vitória nos lançamentos, embora com dois finlandeses (Tero Pitkamaki e Teemu Wirkkala) e um checo (Petr Frydrych) que podem fazer a diferença. Duas atletas são favoritas do lado feminino e podem criar emoção no estádio olímpico, pela sua raça nas provas : Maria Abakumova (Rússia) e Barbora Spotakova (Rep. Checa).
PROVAS COMBINADAS PROMETEM…
Do lado masculino dois atletas apresentam-se acima dos 8300 pontos e são candidatos: Oleksiy Kasyanov (Ucrânia) e Romain Barras (França). Contudo não podem ser esquecidos atletas como Roman Sebrle (Rep. Checa) e Aleksander Pogorelov (Rússia). Em femininos a grande candidata é mesmo a britânica Jessica Ennis.
MARCHA RUSSOS E IBÉRICOS EM DESTAQUE
Os 20 Km Marcha prometem, tanto em masculinos como em femininos, embora tenha alguma especificidade com as condições climatéricas, tal como no caso da Maratona. Do lado masculinos são os russos Valeriy Borchin e Stanislav Emelyanov, com o italiano Alex Schwazer, os favoritos à vitória. Também as russas Anisya Kirdyapkina, Vera Sokolova e Olga Kaniskina podem ter um papel favorito na prova feminina, mas aí acompanhadas pela espanhola Beatriz Pascual e pelas portuguesas (Vera Santos, Inês Henriques e Ana Cabecinha).
Nos 50 Km Marcha, é grande a incógnita, embora os russos pareçam levar alguma vantagem sobre os demais.
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