Estágio no Quénia deu frutos.
Eduardo Mbengani chegou a pensar em férias, até que alcançou mínimos, coroando de sucesso uma época que afinal não estava perdida...
É um dos mais recentes naturalizados da comitiva nacional que representará as cores portuguesas na próxima semana, em Barcelona. Eduardo Mbengani, que treina diariamente com o mais recente naturalizado, Yousef el Kalai, teve até passado dia 14 uma época agri-doce. Começou bem na época de corta-mato, onde esteve presente no Europeu da especialidade, em Dublin, classificando-se num bom 7º lugar, melhorando substancialmente o 38º lugar do ano anterior. Ausente do Mundial de Corta-Mato, Mbengani faria depender um bom final de época com a presença nas principais provas de pista do Verão (Iberoamericanos, Campeonato Europeu de Equipas e Campeonato Europeu de Ar Livre).
Os Campeonatos Iberoamericanos foram a base da desmotivação inicial, depois de ter corrido os 5000 metros em 13.56,40 minutos, marca muito aquém dos seus objectivos pessoais. “Tivemos um mês a estagiar no Quénia até um dia antes de competir nos Iberoamericanos e esperava mais”, o motivo que terá levado Mbengani ao desânimo, depois de ter estagiado em altitude, a 2400 metros. No Quénia o ex-congolês voltou a sentir o cheiro de África, que não conheceu e que “quase já não lembrava”. Aí treinou-se num primeiro momento com o seu companheiro de equipa, Yousef el Kalai, mas mais tarde treinou com o grupo do britânico Mo Farah: “treinámos muito forte. Penso até se não terei abusado na carga de treino que tive neste grupo!”, naquilo que aponta como uma das possíveis causas do seu mau momento nos Iberoamericanos.
Acabou por ser convocado para o Campeonato da Europa de Equipas, onde foi terceiro classificado na 1ª Liga, na prova de 3000 metros (8.14,26 minutos), tendo dado um importante contributo para a subida da selecção nacional à Superliga. Sem vingar nos 5000 metros, Mbengani entrou “numa fase prestes a não ir a Barcelona” e até chegou a pensar não participar no Meeting de Lisboa, uma das suas últimas oportunidades para obter mínimos nos 5000 metros, para o Europeu de Ar Livre. Mas participou, porque “eles queriam que eu tentasse”, referindo-se ao seu treinador, Eduardo Henriques e ao Seleccionador Nacional. E no dia 14 de Julho deslocou-se ao Estádio Universitário de Lisboa, onde desde início contou com duas lebres de luxo, Ricardo Ribas e Yousef el Kalai. Com Ribas a imprimir um ritmo inicial forte, foi Kalai que trouxe Mbengani até aos 800 metros finais, onde teve de gerir o esforço até final. Terminou com o tempo de 13.35,29 minutos, quase três segundos abaixo dos mínimos impostos pela Federação Portuuguesa de Atletismo. “A ajuda do Ribas e do Kalai foi fundamental”, dizia Mbengani no final da sua prova.
Obrigado a repensar as suas próximas semanas, onde já tinha em mente descansar e ir de férias, Eduardo Mbengani prometeu “treinar para o Europeu de Ar Livre” e mostrou-se novamente motivado, reconhecendo que o estágio do Quénia havia sortido efeito. E até traçou objectivos concretos: “O objectivo é a final!”. Para o passado Europeu de Corta-Mato Mbengani afirmou querer ficar o top-10, ficando de facto. Será que adivinhará de novo o seu destino?
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