TROFÉU DA CAPARICA 2009

Terça, 24 Novembro 2009
A Margem Sul e a Corrida

Tempos houve em que havia o Troféu. O Cidade de Almada. Depois acabaram com ele. Teimosamente há quem insista em manter as "suas" provas.

A Junta de Freguesia de Caparica é uma dessas entidades. Teimosas. Positiva e espectacularmente teimosas. E por certo principalmente por isso, pela insistência em manter uma corrida, uma manhã de domingo com gente a correr, com provas para todos os escalões, desde os mais pequeninos aos mais idosos, lá se criaram condições para a prova se realizar.

E foi ontem, dia 22 de Novembro que se realizou a prova de atletismo Troféu da Caparica 2009.

Bandeiras hasteadas, uma mesa com taças, troféus e medalhas e t-shirt, e água e bolos e fruta para oferecer na chegada a todos os participantes, um portal insuflável de Partida e Meta, fitas delineadoras de parte do percurso e do funil para a meta,uma ambulância, bombeiros e polícias, um secretariado disponível e eficaz, e certamente muita boa vontade, ofereceram a "meia-dúzia" de atletas uma corrida que cumpriu as condições mínimas, em oposição à vontade e voluntariado que foi de nível próximo do máximo.

Trânsito apenas condicionado num percurso bem sinalizado e acompanhado por elementos da organização.

Provas por escalões, com muito fraca participação, não ultrapassando mesmo as escassas dezenas na prova principal.

Não deixou por isso de estar de Parabéns a Junta de Freguesia de Caparica, que proporcionou uma manhã desportiva a tantos quantos tiveram a possibilidade de lá se apresentarem para participar.

A minha prova:

Atravessei o rio como quem volta a uma vida e afinal a vida é nova, estreia-se em cada dia em que se tem a sorte de acordar. Saudades de uma margem que estará sempre lá para mim.

Regresso forçadamente para me obrigar a um gosto que há muito não tinha.

Eu mereço e eu hoje vou correr outra vez. Pelos Sargentos, amigos, companheiros e conhecidos. Outros também, de outras equipas ou de equipas nenhumas. Companheiros de corrida, que partilham uma estrada, um caminho, um trilho, por breves trechos da nossa vida, no tempo que dura uma corrida e enquanto o cronómetro não se desliga.

O ambiente é alegre, popular e um tanto ou quanto brejeiro. Depressa tenho o meu dorsal, cumprimento amigos e tomo o café obrigatório no meu caso.


Vejo partir os pequeninos, com um empenho e dedicação pela corrida que provavelmente os adultos não lhes saberão manter. Capto-os para os olhar nos olhos e absorver as suas expressões sempre que me esquecer do que a corrida me dá.

Depois tenho de aquecer. Sozinha e com amigos, sob um sol bonito. Depressa se faz a chamada para a minha prova: 4 veteranas e 2 jovens raparigas e 2 rapazes. Sim, a corrida vai-se fazer ao longo de 3550 metros para este punhado de gente. Punhado mal cheio que se dispersará pelo asfalto rapidamente. Cronómetro ligado e a adrenalina de novo no sangue. Uma carrinha de caixa aberta, das obras, abre-nos o caminho aos solavancos e avançamos. Um rapaz e uma rapariga vão na frente. Segue-se a Magui e eu na sua sombra apenas no 1º km, que fiz em 5m04s. No 2º Km deixo a Magui afastar-se para a frente e alcanço-o com 5m28s. Depois, não que me sinta quebrar muito (e não quebrei a ver pelos 5m21s quando alcanço o 3º Km) mas sou passada por outra mulher. Continuo com a energia que me resta e corro, corro para a meta, como quem corre para os braços de um amor, do amor que temos. Desligo o cronómetro com 18m46s para a distância de 3550 metros. Nitidamente satisfeita.

Promessas não há. Nem de mais provas, nem de grandes ou pequenos planos, nem de treinos nem desafios nem de programas arrojados nem de nada. Apenas um sorriso e uma satisfação de quem teve um pedaço de dia feliz, inserido num fim-de-semana feliz, ali a suar e a sentir o coração e os músculos e o ar e o sol e o céu, e absorver isso tudo e mais coisas ainda numa lufada vigorosa em cada inspiração que enche os pulmões, e deles se liberta de novo, depois de purificar e renovar o sangue e a alma desta mulher, ficando ainda a certeza que a corrida é fundamental e imprescindível para a sua existência e sobrevivência.

Fotos da prova no site da AMMA – Atletismo Magazine Modalidades Amadoras http://www.ammamagazine.com/

Por : Ana Pereira

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