Uma liderança mundial e duas lideranças europeias.
Alemanha sagrou-se campeã europeia, Portugal desceu de divisão. O evento decorreu com naturalidade, com provas disputadas e interessantes, num momento grande do atletismo em Portugal.
Neste segundo dia de competições estava em jogo a disputa pelos primeiros lugares colectivos, mas também pela não despromoção e nesta luta encontrava-se Portugal.
Mundialmente apenas Renaud Lavillenie (França) conseguiu uma melhor marca mundial do ano, num concurso de salto com vara, onde os seis primeiros classificados estiveram acima de 5.50 metros e onde o português Edi Maia obteve recorde nacional de Sub-23. O atleta francês conseguiu bater o recorde nacional de França e estar muito perto do céu ao saltar 6.01 metros, uma marca que fica a "somente" 13 centímetros do recorde mundial pertencente ao mítico Sergey Bubka.
A nível europeu foram conquistados dois máximos continentais, ambas em provas de estafetas de 4x400 metros. Do lado feminino foi a Rússia a consegui-lo (3.25,25) com a habitual equipa fortíssima que está habituada a estafetas de um nível inquestionável. O mesmo aconteceu mas para a equipa da Grã-Bretanha (3.00,82), do lado masculino, onde sem hipótese para os seus adversários a equipa mostrou porque é das melhores mundiais nesta especialidade.
Em termos nacionais os pontos altos situaram-se nas vitórias individuais de Naide Gomes e Nelson Évora e nos recordes nacionais (ainda que de escalão) de Edi Maia e de Eva Vital.
Naide Gomes foi poderosa no salto em comprimento saltando 6.83 metros, a apenas sete centímetros do seu melhor nesta época e uma das melhores marcas mundiais obtidas este ano. O mesmo ocorreu com Nelson Évora, que mostrou porque é líder mundial do ano e no triplo salto bateu de novo Philips Idowu, no reencontro com o britânico, com um salto de 17.59 metros.
Quanto aos recordes nacionais, Edi Maia, no salto com vara, mostrou um bom momento de forma e passou a fasquia de 5.35 metros, novo recorde nacional sub-23, embora o anterior a si pertencesse, numa aproximação às melhores marcas nacionais de sempre. Eva Vital foi uma das surpresas portuguesas, com a primeira grande internacionalização em provas individuais. Conseguiu o seu recorde pessoal com 20 centésimos mais rápida na prova de 100 metros barreiras, batendo ainda o recorde nacional juvenil e também júnior com o tempo de 13.66 segundos, destronando assim Patrícia Mamona (ex-recordista juvenil) e Sandra Turpin (ex-recordista junior).
Em termos colectivos, foi uma competição extremamente disputada e interessante, porque só no final se definiram algumas posições interessantes. Se no dia de ontem a Grã-Bretanha liderava, com a Alemanha no quarto posto, no final do dia de hoje a Alemanha sagrou-se campeã europeua de equipas, num ano de Mundial de Ar Livre, disputado exactamente na Alemanha, na cidade de Berlim. O terceiro lugar só se definiu na última estafeta, quando a equipa da Grã-Bretanha venceu a prova, só assim permitindo que ocupasse o último lugar do pódio. Na luta pela despromoção, Portugal acabou mesmo por descer à primeira liga, com o total de 200 pontos, longe da possibilidade de se manter. Essa disputa foi realizada nas últimas provas de estafeta, entre Grécia e República Checa, com a primeira a levar a melhor por somente três pontos. Subiram à SuperLiga, nuam prova organizada na Noruega, as selecções norueguesa, finlandesa e bielorussa.
Em termos organizativos, parece ter corrido relativamente bem a toda a estrutura portuguesa envolvida e as novas regras da mesma parecem ter resultado ao nível da emoção e da capacidade de imprevisibilidade de resultados. Apesar de alguns pontos menos positivos, pode-se considerar positiva esta experiência, que trouxe a Portugal a maioria dos melhores atletas europeus da actualidade. Foram no total 250 voluntários, 120 oficiais e 85 elementos pertencentes ao comité organizador local que tornaram possível este evento em Leiria. O público não correspondeu da forma esperada e apesar da forte aposta em publicidade e empenhamento da organização, não foi possível a presença dos 20 mil espectadores por dia. Os número finais providenciados pela organização apontam para 18579 espectadores, os presentes em Leiria ao longo dos dois dias.
Esta competição marcou ainda a despedida de Edivaldo Monteiro pela selecção nacional, numa carreira recheada de sucesso, num atleta de humildade rara e que pode ser importante para as gerações futuras de barreiristas portugueses.
A classificação colectiva ficou assim ordenada:
1. Alemanha - 326.5 pontos
2. Rússia - 320
3. Grã-Bretanha - 303
4. França - 301
5. Polónia - 289
6. Itália - 278
7. Ucrânia - 265.5
8. Espanha - 257
9. Grécia - 216.5
10.Rep. Checa - 213.5
11.Portugal - 200
12.Sueca - 138
Enviados Especiais : Bruno Araújo, Edgar Barreira, Filipe Oliveira (foto), Joana Oliveira (foto), Miguel Mendonça e Telmo Rocha.
Foto: Filipe Oliveira / Atleta-Digital
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Houve outros momentos muito bons para as cores Nacionais e outros tantos Dissabores.
No geral os Lançadores(as) não estiveram nos seus dias.
A nível de "emoção" para quem está de fora é provável que sim. Assistimos a interessantes cenas de pancrácio entre atletas para escaparem à eliminação. Despropositadamente, como é obvio, mas que não abonam nada à imagem do atletismo. Nos 3000 masculinos e nos obstáculos então foi demais, naquilo que se poderá chamar de nova modalidade de "ATLETOBOXE". Para não falar na "emoção" e "imprevisibilidade do resultado" de ver alguns atletas arrastarem-se pela pista nas ultimas 3 voltas depois de terem feito 3 sprints a meio da prova. É claro que depois já não há sprint para os ultimos 300 metros.
E então nos obstáculos esta regra é abominável, porque depois dos atletas sprintarem para escapar à eliminação, não bastava as cotoveladas e os encontrões, ainda levam com um obstáculo de 0,91 vinte metros mais à frente. O que é que resultou disto? Os atletas chegaram à ultima volta completamente gastos, distanciados uns dos outros, com todas as posições definidas e os tempos nem por isso foram melhores porque houve muitos deles a fazerem acima dos 9 minutos. Não acho que esta regra torne as provas mais competitivas. Esta regra e aquela dos dois saltos unicos são uma autentica calinada. Porque é que para estimular os andamentos e premiar as marcas, não se atribuem bónus de tempo? O atleta X ganhava a prova Z e junto com os 12 pontos, caso fizesse uma determinada marca levava mais dois pontos? Já o 2º poderia ou não levar um ponto de bónus, conforme a marca. Através da pontuação da tabela internacional isto era fácil da fazer e adequava-se a todas as disciplinas. Não sei se as provas de fundo e meio-fundo iam deixar de ser tácticas mas pelo menos deixavam de ser tão feias de assistir. Agora, se para agradar às TV´s vamos colocar os atletas todos aos empurrões a 7, 5 e 3 voltas do fim, não sei onde está a piada disso. Um atleta que andou semanas a preparar uma prova de 5000 metros, por exemplo, não tem o direito de chegar ao fim? Então no futebol, assim que uma equipa chegar ao 2-0 acabava-se logo com o jogo né?
Esperemos que ela e o seu treinador tenham capacidade para trabalhar bem e que ela geneticamente tenha tudo para evoluir o normal de um atleta.
Em termos individuais houve muitos bons resultados, principalmente nos saltos e velocidade (o calor ajudou), mas penso que o sector de lançamentos tem que fazer uma reflexão do que se passou, pois com 3 atletas olimpicos em 2008, conseguiram apenas de melhor um 9 lugar e com marcas muito inferiores ao normal...e as regras são iguais para todos (até para o Nélson e Naide, que ganharam os dois).
Felicidades e parabéns para todos os atletas e não só para a Eva...
Estou curioso para ver quem vai ser seleccionado para o campeonato do Mundo de Juvenis e para o FOJE.
Só no ultimo Olímpico Jovem em Albufeira estão uma mão cheia de Jovens com mínimos.
Penso que por ser na Europa a Federação deveria de dar um prémio a estes jovens e leva-los a todos às 2 competições.
Estamos em crise, mas apertando bem o cinto e com estadias modestas lá se poderia fazer esse feito.
É claro que a transição de Jovem para Sénior faz sempre uma selecção e uma boa parte de actuais grandes talentos podem ficar pelo caminho ou mesmo depois não terem a progressão que esperavam, mas nota-se logo quem será quem, não é preciso adivinhar.
Mas não se pode agradar a todos.