12ª Estafeta de Palmela |
Quarta, 10 Junho 2009 | |||||||
Mais um texto de Ana Pereira, desta feita na 12ª Estafeta de Palmela. A Prova Realizou-se. O dia era o 31º do mês de Maio de 2009. O local, Bairro Alentejano, Quinta do Anjo, Palmela, Setúbal, Portugal, Europa, Planeta Terra, Via Láctea, Universo. Organizada pela Sociedade Recreativa e Cultural do Povo do Bairro Alentejano, com apoio da Câmara Municipal de Palmela, Junta de Freguesia de Quinta do Anjo, Associação de Atletismo de Setúbal e ainda várias entidades ligadas ao comércio, indústria e serviços, não descurando o fundamental, imprescindível e verdadeiro voluntariado do Associativismo, do trabalho comunitário em prol de um bem comum, e da não menos importante vontade de fazer, e fazer bem, e receber, e agradar e oferecer, e assim se levou a cabo com sucesso a 12ª edição da Estafeta de Palmela. 47 equipas masculinas e 10 femininas compareceram para a 12ª Estafeta Palmela e ainda 2 equipas femininas e cerca de 10 masculinas, na Mini Estafeta, que se realizou pela 8ª vez, permitindo a participação dos mais jovens no espírito da Estafeta. Cada equipa era constituída por 4 elementos, que percorrerem 4 percursos, transportando o Testemunho, da Partida à Meta. Com um valor de inscrição de EUR 15,00 por cada equipa de 4 elementos, ofereceu-se uma prova calorosa e muito bem organizada. Animada, com o trânsito suficiente e eficientemente condicionado de forma a permitir aos atletas correr em segurança. Autocarros para transporte dos atletas para as zonas de início de cada percurso e seu regresso no final do seu percurso, quando este não coincidiu com a zona da partida/meta. Percurso sempre bem sinalizado água suficiente em cada zona de transmissão, incluindo a meta. Classificações rapidamente disponíveis no local, e entrega de prémios com chamada ao pódio de todas as equipas. Troféu e t-shirt para todos, e ainda prémios monetários para as primeiras equipas classificadas. Entrega de prémios rápida e expedita, com condições razoáveis mas dignas para uma entrega de prémios. Casas de banho à disposição, assim como balneários no fim da prova, e um bom acompanhamento da mesma, quer por elementos da organização quer no que a meios de socorro diz respeito. Um almoço bem serviço e cozinhado para todos os atletas e acompanhantes. Espaço disponível muito aprazível. Tachos, panelas, pratos e talheres, tudo disponibilizado para centenas de pessoas. Sem, atropelos, atrasos ou confusões. Tudo nesta corrida decorreu de uma forma metodicamente organizada e funcionou na perfeição. Um papel no chão de imediato apanhado. Sempre alguém atento para trazer uma cadeira, oferecer um copo ou lavar os tabuleiros. Tudo isto fruto do empenho de gente apaixonada. Apaixonada pela Corrida, pela sua terra e pelos outros, num trabalho comunitário e numa entrega especial e dedicada, e só dessa forma, com o trabalho e dedicação de muitos e também o apoio de outros tantos, se conjugou esforços e se pôs de pé mais uma edição da Estafeta de Palmela repleta de sucesso, sendo sucesso na minha modesta opinião, tentar proporcionar uma manhã de desporto e convívio, aliando a vertente desportiva ao papel social que a Corrida também desempenha, e nessa tentativa ser muito bem sucedido. E a Sociedade Recreativa e Cultural do Povo do Bairro Alentejano conseguiu-o uma vez mais. De forma exemplar e entusiasta. Uma corrida magnífica onde é raro o atleta sair descontente e de onde leva a vontade de voltar. Haverá parecer mais verdadeiro e válido que este? Está pois a Sociedade Recreativa e Cultural do Povo do Bairro Alentejano, verdadeiramente de Parabéns. Eu na Estafeta de Palmela O espírito de uma estafeta é sempre diferente, bem diferente de uma outra prova qualquer. Falha um, falham todos. Ganha um, ganham todos. O verdadeiro espírito de equipa raramente é quebrado numa estafeta. Por essa razão, quando o despertador tocou passadas pouco mais de 3 horas depois de eu ter adormecido, não o desliguei nem me voltei para o outro lado da cama apetecível, para ferrar de novo num sono com muitos sonhos, daqueles que só se sonham. Assim levantei-me e fui sonhar o sonho agora acordada. Éramos quatro mulheres. A única equipa feminina que o meu clube conseguiu formar: A Sandra, a Ana Paula Pinto, a Magnífica e eu. Um testemunho para levar, de mão em mão, da partida à meta. A sua viagem, certamente simbólica remete-nos para histórias que não conheço, mas que gosto de imaginar e inventar e adaptar à minha realidade. 1º percurso: A Sandra 2º percurso: eu 3º percurso: a Ana Paula 4º percurso: a Magnífica Um hábito não instalado, e sou surpreendida pelo meu próprio beijo que dou ao meu pai antes de sair para o autocarro que me levará para a zona de partida do 2º e 4º percurso (visto a estafeta ter 2 voltas que se repetiam). Aqueço e aguardo calma, a Sandra. Vários atletas vão partindo e eis que lá vem a Sandrinha. 5ª posição entre as 10 mulheres. Posição essa que todas nós conseguimos manter até ao final, o que se traduziu naturalmente num 5º lugar com direito a EUR 75,00, t-shirts, 1 Troféu grande e 4 pequenos, que tive o prazer de deixar no clube onde se exibem ganhos que simbolizam tanto, mas eu prefiro mesmo aqueles que se entranham em mim, vincam a pele e nela penetram, tornando-se inapagáveis e invioláveis. Recebo o testemunho de uma Sandra cansada mas bonita, de sorriso franco, branco e alegre. Pego o testemunho, ligo o cronómetro que marcará 31m36m no final do meu percurso, e sinto uma energia súbita, anormal, que tenho de refrear se não me quiser dar muito mal. Controlo o ritmo e mantenho-o sob um calor abrasador. Não passo ninguém e ninguém me passa. Aproximo-me do fim do 2º percurso que coincide com a meta, e chamo alto mas a voz saiu baixinho “Paaaauula….”, mas ainda não era ali, a zona de transmissão era ali mais à frente. Vejo-a. Não sei se sorri. Devo ter sorrido antes com o corpo todo e com o olhar antes de lhe dar o testemunho, e quebro por fim. Mal, mal, mal, mal… estou de rastos. Bebo água. Alongo, respiro e recupero. Será a vez da Paula correr agora. E ela que se dá tão mal com o calor! – penso. Retomo o meu pai, e pego eu agora na máquina fotográfica. Sento-me no chão e apanho-os. A eles que correm, a outros, que nos seus anos que deveriam ser de inocência, já trazem no rosto e no olhar marcas do que não deveriam sequer sonhar existir. Entretanto sei pelo relógio que a Paula já deve ter entregue o Testemunho à Magnífica, e agora é a ela que eu aguardo. E por fim ela chega, cansada, mas vigorosa ainda, uma mulher de garra que corta a meta culminando os nossos esforços que resultaram num 5º lugar entre 10 equipas femininas. Muito bom. Muito bom também o banho de água fria no final e o almoço. Momentos nostálgicos. Como se fosse a última vez. E foi. Foi a última vez da 12ª edição da Estafeta de Palmela. A última vez deste dia da nossa vida. O convívio e o desporto proporcionado, a entrega de toda aquela gente que colaborou com a organização, só dessa forma tornando possível o sucesso da prova, marcam a gente. A gente que vai à Estafeta de Palmela pela primeira vez, e que vai querer voltar. Eu quero. Outra e outra vez. Sempre. Obrigada Estafeta de Palmela e desculpa-me por favor o atropelo das palavras, que correm mais depressa que atletas velozes e eu hoje não as consigo agarrar. Ana Pereira
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