Corrida da Mulher - Porto |
Segunda, 18 Maio 2009 | |||||||
Aquecer e partir ao lado de Marisa Barros, Fernanda Ribeiro e Jéssica Augusto, só para mencionar algumas grandes atletas portuguesas, presentes na Corrida da Mulher, não é privilégio que se tenha muitas vezes. Mas assim foi no Porto, na 4ª edição de uma corrida que é um sucesso desde o seu aparecimento no ano de 2006. Com carácter maioritariamente solidário, sobrepondo-se completamente ao competitivo, fomentando a prática de exercício físico, nomeadamente a Caminhada e a Corrida para indivíduos do sexo feminino, cuja participação ainda não consegue ganhar a expressão merecida em todas as outras corridas fim-de-semana após fim-de-semana, levou às ruas da bonita cidade do Porto esta corrida, mais de 14.000 mulheres, que com um valor simbólico de inscrição (EUR 2,00) ajudaram a Liga Portuguesa contra o cancro, especificamente na luta contra o cancro da mama, envergando uma bonita t-shirt rosa de corte adaptado ao corpo feminino e percorrendo uma distância próxima dos anunciados 5 Km. Com organização da Runporto, a corrida teve entrega de dorsais e t-shirt nos dias antecedentes à prova, no Norte Shopping, junto à loja da Sport Zone, entidade que se associou a este evento e que por cada mulher inscrita doou EUR 1,00 à Liga Portuguesa contra o cancro, assumindo um papel social que servirá de exemplo a muitos outras entidades. O ambiente da partida era de festa, onde a alegria e a simples participação/convívio, associado a uma causa, se sobrepôs a qualquer outro objectivo. Com uma animação espectacular, soube uma vez mais a Runporto fazer da Corrida uma festa, e num percurso curto com o corte total do trânsito levou quase 15.000 mulheres a aderirem em massa à solidareidade de mãos dadas com a actividade física, percurso esse onde se destaca a passagem pelo Túnel de Ceuta, onde praticamente sem luz, uma banda musical ecoava sobrepondo-se às passadas e respirações ofegantes entre gargalhadas, ao vivo e a cores, os sons e a voz de um canto que a todas animou. Já junto à Câmara Municipal do Porto estava instalada a meta, onde Marisa Barros chegou antes de qualquer outra das quase 15.000 mulheres, mas onde estranhamente a igualdade imperava, pois o objectivo de cada uma seria muito provavelmente o objectivo de todas . Não faltou a água, nem muito apoio e animação, quer antes, quer durante e depois da prova. Venha para o ano a 5ª edição e se não melhor, que seja igual a este maravilhoso espectáculo rosa que varreu de alegria as ruas do Porto. Parabéns à Runporto e a todas as entidades que de alguma forma colaboraram para que este evento fosse possível e tivesse a magnitude que se viu. Eu… e a Corrida da Mulher Desta vez ia para correr. Chegamos cedo ao local de partida, junto à Casa da Música. Demasiado cedo, pensei. Café com atendimento demorado, afinal nunca se pode esperar 15.000 pessoas e acompanhantes para tomarem café, e um breve aquecimento à volta do leão que esmaga a águia (Rotunda da Boavista). Como desta vez ia para correr, queria posicionar-me onde me fosse permitido de facto correr. Sorte não de principiante, e admitem-me na zona VIP, onde jamais me incluo, mesmo quando tenho dorsal VIP (por conhecimentos e outros méritos não menos lisonjeiros e meritórios e respeitosos que os que seriam jamais aplicados à minha pessoa, os desportivos, pois numa prova normal, eu nessa posição na Partida, só prejudico os verdadeiros atletas e até a minha própria pessoa e sua modesta prestação, mas nesta Corrida, tudo era diferente. Correr era sem dúvida alguma, objectivo de uma minoria das mulheres presentes. Por isso, foi de bom grado que dividi um espaço privilegiado com atletas como a Fernanda Ribeiro, Marisa Barros e Jéssica Augusto, entre outras, e bem mais importantes que estas, algumas amigas que revi com imenso e sentido prazer. Abraços, beijos e toques de mãos em demonstrações afectivas e efectivas. Sentimentos e emoções ao rubro demonstrados em cada olhar e sorriso. Mal as grades que nos separam do pelotão se afastam e somos literalmente aconchegadas pelas costas por imensos corpos de mulheres que se encostam descaradamente de uma forma nunca vista em corrida alguma. Piores que os homens! Confesso também que nunca tinha encabeçado uma multidão de 15.000 indivíduos, fazendo eu de corrente para que não se avançasse mais, antes do tempo. Aurora Cunha sempre presente e é dada ordem para correr. As verdadeiras atletas partem e depressa as deixamos de ver. Quem vem atrás de nós, não nos chega a ultrapassar ou sequer a acompanhar, e dou por mim a correr lado a lado com a minha amiga Lígia, durante a prova inteira, praticamente sozinhas. Vamos bem. Rápidas, para o que nós poderíamos dar. Mas eram só 5 km, dizia o regulamento. Avancemos pois. E avançamos. O Túnel de Ceuta escuro onde o ar nos parece faltar mas depressa a música ao vivo nos anima e comove. Ecos. Da música, da voz do cantor, dos nossos passos, da nossa respiração e dos nossos corações também. Sigo ligeiramente à frente da Lígia. Talvez não esteja tão mal como ela. Ou talvez não esteja eu tão mal como penso. Uma mão no ombro e volto-me. Um jovem bonito, rosto sobejamente conhecido, olha-me nos olhos e incentiva-nos enquanto ele próprio corre acompanhando a prova: “Força! Ajudem-se uma à outra!”. Agradeço com um sorriso e olho para a Lígia ligeiramente atrás de mim. Não avanço mais. “Vamos!” Seguimos juntas. Quase sem darmos por isso estamos a chegar ao Largo da Câmara. Já? Sim, já! Uma volta lá abaixo, subir de novo, a lembrar a S.Silvestre do Porto, contornar a Câmara e agora sim, a meta. Juntas! Boa! Marca o cronómetro 19m33s. 5Km? Nem pensar! Mas que importãncia terá isso? Pois… teria sempre alguma para mim, mas não hoje, não aqui, jamais nesta corrida. De novo mãos dadas e uma manhã feliz terminava para depois dar lugar, já entre estes e outros amigos, à melhor Francezinha que alguma vez comi! Talvez a companhia ajudasse. Talvez a Imperial que teimam em chamar Príncipe nesta cidade bonita. Talvez o Príncipe… Talvez a amizade…Talvez… Ana Pereira
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