22º Grande Prémio de Páscoa |
Segunda, 13 Abril 2009 | |||||||
“Escreve como costumas fazer: corres, vives, sentes e escreves.” Parecia tarefa fácil e nada complicada para ela, pois ela fazia-o com agilidade, quase semanalmente, e de uma forma geral as palavras saíam-lhe com uma fluidez natural. No entanto aquela corrida fora diferente de todas as demais, e dificilmente outra se igualará para ela na singularidade, significado e emoções sentidas. “Margaret, hoje corro por ti” – era a inscrição que se lia nas costas da camisola que ela orgulhosamente envergava com brio. Margaret, uma menina que ela não conhecera e que só beijara já o seu corpo arrefecera e jazia inerte, ali mesmo na igreja de Constância. O amor da mãe, Ana Paula Pinto, e a vontade de a manter “viva” com o que pudermos e se soubermos ter a capacidade de aprender dela, da sua curta mas rica história de vida, cheia de luta e de amor, muito mais fortes que a dor, levaram a esta homenagem na terra que é dela e onde hoje descansa. A corrida decorreu de forma natural, sem lamechices ou mágoas. Apenas amor, disfarçado em frases banais e corriqueiras entre amigos que escoltavam dedicadamente a Ana Paula Pinto. A alguns metros da meta a Paula deu-lhe a mão e disse qualquer coisa como “Fica assim, deixa estar assim…”. E então ela sentiu. E as pernas continuaram a mover-se automaticamente, e instintivamente deu a sua mão ao companheiro do lado, Orlando Duarte, como se uma corrente forte se apoderasse dela, a elevasse e o momento se tornasse divinamente transcendente. Nesse instante se quedaram as palavras e por mais que as busque, ela não as encontra para sequer tentar transmitir o que sentiu, emoção pura. Há coisas que não se traduzem em palavras. Apenas… se sentem. Cortaram a linha de chegada e já passava dos 56 minutos quando ela se lembrou de desligar o cronómetro. A Prova Com inscrições gratuitas, o Grande Prémio de Páscoa, de Constância, realizado dia 11 de Abril, ofereceu a quem nele participou, uma vila poética, embelezada pelo verde natural e pelo colorido das flores de papel que enfeitam as ruas num fim de semana de festa. O 22º G.P. levou mais de seis centenas de atletas a cortar a meta depois de percorrerem 10 Km em asfalto, em estrada com o trânsito completamente cortado e paralela ao Zêzere que ali à frente se funde com o Tejo. Com prémios de presença mais significativos (saco, t-shirt, água, 1 garrafa de vinho, troféu e biscoitos da região) apenas para os primeiros 500 atletas chegados, ainda assim a prova não desilude ninguém, mesmo os que recebem apenas 1 t-shirt e água, principalmente se tivermos em consideração as inscrições gratuitas. Provas para escalões jovens antes e depois da partida da prova principal e ainda uma caminhada, tornam a manhã dos sábados de Páscoa em Constância, uma verdadeira festa do Atletismo. Facilidade de inscrições, levantamento de dorsais, animação na partida e chegada, marcação de quilómetros, controlo por chip, percurso bem sinalizado e seguro, abastecimentos de água, e está Constância de Parabéns pela realização deste Grande Prémio pela 22ª vez. Autora: Ana Pereira
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