Atenção que temos proteção (dia 2):

Quinta, 14 Agosto 2014
Hoje a cidade de Zurique foi agastada com chuva, muito vento e muito...excesso de zelo?

Ora bem, nenhum de nós, quando se deslocou ao Estádio de Letzigrund poderia imaginar a como acabaria por ser a tarde. Na Suiça já soara a notícia de um acidente de comboio numa das suas montanhas, mas não se perspetiva na sessão matinal do Europeu que a sessão da tarde seria como foi. De facto, na ida para um almoço volante e uns queijinhos habituais, percebeu-se a dificuldade em que os atletas do Decatlo se encontravam durante a prova do salto com vara (a maioria com dificuldade em encaixar a vara para a entrada no salto e com perigo na fase de ascensão). Apesar de tudo desvalorizámos, principalmente porque tantas vezes já aconteceu esta situação nas competições nacionais...

No regresso ao centro de imprensa e enquanto preparávamos a sessão da tarde, um dos responsáveis da organização local sobe a uma cadeira e faz um curto comunicado indicando que a sessão da tarde estava adiada e a prova do salto com vara interrompida, por se esperar uma tempestade de vento. Estupefactos, aguardámos mais informações, enquanto as procurávamos. “Já vimos tantas competições em Portugal a decorrerem nestas condições...”, comentámos de imediato, enquanto uma espécie de mini-pânico decorria no centro de imprensa. O excesso de zelo suiço levou a que surgisse um novo comunicado, a anunciar um novo adiamento, logo seguido de um comunicado a indicar que afinal tudo começaria à hora que era suposta, após o primeiro comunicado. Ficámos a saber que os atletas sofreram de semelhantes procedimentos e que naquele momento a Organização não era, provavelmente, dona de todo o discernimento necessário, tratando-se de um potencial risco. Foi mesmo potencial, penso, cauteloso, sem dúvida, mas exagerado, por certo. Por medidas de prevenção, todas as bandeiras do Estádio foram retiradas, assim como reforçadas as estruturas com mais probabilidade de ficarem danificadas pelo vento. Uma das estruturas que nunca mereceu um fecho foi a do centro de imprensa, uma grande tenda que efetivamente abanou bastante com o vento, mas que acabaria por resistir.

A Proteção Civil foi no caso de hoje levada demasiado a sério, ela que tem um papel efetivo na garantia de condições de segurança de toda a competição. Por exemplo, durante a manhã, uma das lonas por trás da nossa fileira de cadeiras, na bancada de impresa, cedeu e caiu parcialmente. Sem que tivessemos alertado a Proteção Civil, cinco minutos depois a lona estava de novo colocada – aparentemente a lona estava a colocar-nos em perigo....

Mas a lição a tirar é que o papel da Proteção Civil cedeu aparentemente por excesso de zelo e excesso de plano. Coube depois a dois portugueses (juizes), Jorge Salcedo e Samuel Lopes, entre os restantes responsáveis da Associação Europeia de Atletismo, cuidar dos novos programas-horário, de forma a não frustrar as expectativas do público, não prejudicar demasiado as prestações competitivas e ainda enquadrar a competição dentro dos horários dos diretos televisivos, um espaço nobre, pago a peso de ouro. E tudo isto aconteceu por aparente excesso de zelo, percebeu-se mais perto do final. Mas por outro lado também fica sempre a dúvida de: e se fosse pior do que foi?



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