O regresso à terra quente (dia 10 e 11)

Terça, 20 Agosto 2013
Leia o último diário da equipa do Atleta-Digital que esteve em Moscovo

Este é o último diário de uma saga moscovita que correu muito bem, melhor até do que esperávamos, face às escalas, às complicações de Moscovo e a toda a barreira linguística, que se mostrou uma barreira de facto.

O regresso a Lisboa começou muito cedo, com a saída do hotel às 4 horas da manhã, três horas antes do voo de regresso. De forma rara, o autocarro atrasou-se quase meia-hora e logo fomos mandados parar pela polícia. Por momentos julguei até que me viessem buscar, depois de uma última crónica escrita que, confesso, estava particularmente incisiva, muito mais do que é habitual no Atleta-Digital, um portal que se dedica ao atletismo e onde as polémicas são muito mais reduzidas que noutros desportos. Claro que não pensei realmente nessa possibilidade, mas face ao que vi em Moscovo, porque não?!



Daí para a frente não me lembro da viagem, tal como o meu colega Filipe, só tendo acordado à porta do Aeroporto. Tínhamos horas de sono a recuperar, eu já tinha uma feita na cama, enquanto a estratégia do Filipe foi a de não dormir antes da viagem. Mais de uma hora depois estávamos no Aeroporto e estávamos com uma hora até à partida, o que nos deixou apreensivos. Estranhamente, tudo decorreu sem qualquer problema, embora destaque uma particularidade. Chegados à zona de controlo dos passaportes , o guichet dividia-se em dois, com dois operadores dentro. O Filipe avançou primeiro, eu fiquei à espera de um Ok da operadora do lado, que nunca aconteceu, limitando-se a conversar com o seu colega, vendo-me à espera. Sabia que podia avançar para a janela, mas quis testar até que desplante ela iria….e foi até um supervisor ir lá alertá-la que deveria atender-me, acabando por fazê-lo com o total desprezo. É de facto uma nação com muitos desperdícios e corrupção bem visíveis, a uma escala tão superior a outros países, que todos conhecemos…

Depois de cerca de cinco horas de escala em Madrid, foi tempo de regressar à terra quente. Entre as 4 horas da manhã em Moscovo e as 4 horas da tarde de Lisboa, falamos de uma diferença de temperatura de mais de 20 graus Celsius, além de uma diferença horária de 3 horas. Os sonos estão desfasados, as horas das refeições ainda mais…

Falemos agora de alguns assuntos soltos que não constituíram diário, para que a posteridade os guarde:

TÁXIS: A chegada ao Aeroporto de Moscovo é a loucura total. Se quando chegamos a Lisboa ou ao Porto a únicas pessoas que nos aguardam são amigos, ou cartazes com nomes, em Moscovo os taxistas fazem corredores, onde cada um tenta apresentar um preço, fazem um sorriso diferente, tentam saber a nacionalidade, tentam saber o destino….é uma gritaria completa! Faz lembrar aquela brincadeira de crianças, chamada de “corredor da morte”, em que levamos calduços enquanto passamos…mas aqui são calduços audíveis…

NEGOCIAÇÃO: Não pensei, antes de ir para a Rússia, que este fosse um país onde a cultura da negociação está bem impregnada. É assim com os taxistas, com os comerciantes, tal como se estivéssemos, por exemplo, na Turquia. Quando fomos a uma loja de recordações, com aqueles objetos típicos do país ou da cidade, fui literalmente arrastado pela empregada para comprar um objeto, que considerávamos caro. Ela baixou o preço, fez quase o pino, quase me pediu em casamento e na contra-proposta final, conseguimos então chegar a um acordo justo…O mesmo aconteceu numa feira de velharias, muito semelhante ao espírito do Grande Bazar, em Istambul, onde a técnica é constantemente de negociação e na tentativa de enganar…Curiosamente foi o local onde melhor ouvimos falar inglês…



A BARREIRA LINGUÍSTICA: Ir à Russia, mesmo estando a falar da capital, é ter problemas na comunicação com os habitantes locais. Fiz um pequeno estudo pessoal, com uma amostragem de cerca de 50 pessoas de nacionalidade russa e a conclusão é que 50% das pessoas não me entenderam de todo e só cerca de 10% das pessoas me souberam responder minimamente em Inglês. Entre as pessoas “estudadas”, cerca metade das pessoas eram parte da Organização do Mundial, logo maior a probabilidade de saberem inglês, para que houvesse tentativa de minimizar a barreira linguística. Estará provada a barreira linguística?!

MEDIA RACE: Em Berlim, no ano de 2009, três elementos do Atleta-Digital correram na Media Race, na distância de 800 metros, entre eles eu. Desta vez só o Filipe entrou em tal aventura, face ao facto de estar completamente fora de forma. Foi uma experiência engraçada, que decorreu um dia depois do Tour à cidade, ajudando ao maior contacto entre elementos da imprensa. Testámos fazer uma montagem de vídeo desta prova, com algumas entrevistas, que originou situações muito engraçadas. O vídeo acabaria por ser espalhado por todos os participantes que ficaram contentes de saber que ficaram recordados por todos. O Filipe correu na décima das 13 séries, acabando com o tempo de 2.38,19 minutos. Os prémios seriam atribuídos pelo velocista Yohan Blake, atleta jamaicano que em Moscovo integrou variadas ações de promoção da modalidade.

E está finalizada mais esta cobertura, diferente de todas as restantes e que marcam alguma mudança de estratégia do portal Atleta-Digital, que se vai diluir no tempo. Teremos surpresas, não em breve, mas a médio prazo. Esta foi também uma viagem de aprendizagem e de reflexão e também para isto serve uma presença internacional. Mário Moniz Pereira reclamou sempre a necessidade dos atletas competirem com atletas estrangeiros para evoluírem…a mesma teoria também se aplica ao jornalismo…

Venha agora Pequim 2015…





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