[MOS13] Alarme toca em Moscovo para Portugal

Domingo, 18 Agosto 2013
[MOS13] Alarme toca em Moscovo para Portugal

Responsáveis federativos apreensivos com futuro.

A prestação portuguesa nestes Mundiais é estatisticamente a mais negativa na história do atletismo português, com apenas dois lugares de finalistas. 

As interpretações são diversas, mas uma escuda-se dentro daquilo que a IAAF considera admissível na análise, pegando na classificação do top-8 de cada disciplina para avaliar a qualidade da prestação de cada país em Mundiais. Portugal teve a pior prestação de sempre em Mundiais, com somente 6 pontos somados na tabela de pontuação, uma realidade rebatida pelos órgãos federativos que preferem análises em perspetiva. Não deixaram de realçar apreensão sobre o momento do atletismo nacional…

” Não entendo a nossa participação como o maior fracasso”, disse Paulo Reis, que em Moscovo era o responsável técnico desta equipa, uma das mais curtas em toda a história. ” Sabiamos à partida destes campeonatos que a expectativa não era grande. Tendo em conta a realidade do atletismo internacional e do atletismo nacional a expectativa estava perfeitamente balizada”, prosseguiu, sem colocar o ênfase na crítica atribuída pela estatística. O técnico nunca colocou o tom na crítica e chegaria até a afirmar que a prestação portuguesa, face às expectativas, permitia-lhe ”fazer um balanço muito positivo”.

O FUNDO PORTUGUÊS DEIXOU DEFINITIVAMENTE DE SER O QUÉNIA DA EUROPA

A gota de água seria a desistência de Hermano Ferreira, na prova da Maratona, que traduziu a participação portuguesa em onze lugares com classificação associada, o que a esse nível já iguala o mínimo de sempre, obtido em Helsínquia na primeira edição dos Mundiais, em 1983. Nessa altura atingiu-se somente oito pontos na tabela de pontuação, mais do que os seis alcançados em Moscovo, à altura fruto do quarto lugar de Rosa Mota (Maratona) e do sexto lugar de Carlos Lopes (10000 metros). Desta vez Portugal fez-se valer do quarto lugar de João Vieira (20 Km Marcha) e do oitavo lugar de Ana Cabecinha (20 Km Marcha).

Desde 1983 o atletismo português mudou muito e para Jorge Vieira, presidente da Federação Portuguesa de Atletismo, não podem existir dúvidas sobre o fim da consideração de que Portugal é ainda país com marca sagrada dos fundistas europeus: ” Portugal provavelmente deixou de ser o Quénia na Europa”. Nem a genética que o passado se encarregou de estudar e de se transmitir para o grande público é para Jorge Vieira motivo para tentar justificar uma aposta clara neste setor, ainda que tenha em mãos um dossier para um novo projeto ao nível dos meio-fundistas, mas para a pista. ” O nosso nível do meio-fundo atual tem a ver com a sua história e com as estratégias que clubes dedicados ao meio-fundo foram seguindo, colocando-os na estrada e retirando-os das distâncias olímpicas”, considerou, não tendo dúvidas sobre a necessidade de apoio ao atletismo mais global e menos setorial.

JORGE VIEIRA INSATISFEITO A PROCURAR RESPOSTAS PARA O FUTURO

Continuando a análise que faz da prestação portuguesa, ”não me posso dar como satisfeito. Poderiamos ter feito muito melhor do que aquilo que fizemos”, considerou Jorge Vieira, que admite a análise a algumas prestações menos conseguidas. Não admitindo propriamente o momento baixo do atletismo português, já que ” há que também que referir os atletas que não vieram”, Jorge Vieira considera este início do ciclo olímpico como um importante princípio para preparar os Jogos Olímpicos de 2016. É também uma ideia corroborada por Samuel Lopes, responsável pela equipa aqui presente: ” Em 12 elementos da equipa, 9 conseguiram atingir ou manter o estatuto de modo a que conseguissem integrar o plano para o Rio 2016”. Habituado a trabalhar na área financeira, Samuel Lopes sabe também que os desafios da Federação Portuguesa de Atletismo implicam novos planos e outra reestruturação, aproveitando as oportunidades. ” Temos de aproveitar este momento para encontrar a fórmula certa de equilibrar os nossos recursos escassos e tentar projetar esses recursos e essas capacidade num grupo de atletas de alto rendimento que nos possam projetar no futuro”, sentencia.

Mais tarde Jorge Vieira alertava sobre a necessidade de equilibrar os caminhos das verbas para lá dos melhores portugueses da atualidade,: ” Não quero pensar que um aumento das dotações financeiras significa que vamos retirar verbas à base do sistema apenas para os melhores atletas. Isto é politicamente muito agradável de dizer aos atletas de alto nível. O problema é quando os atletas de alto nível terminarem as suas carreiras..”. Foi a primeira declaração de Jorge Vieira sobre os contratos-programa que permitirão preparar os Jogos Olimpicos de 2016. Mas na soma, tudo parece uma equação complicada, com a Federação Portuguesa de Atletismo a receber menos 20% do Estado para manter ativa a modalidade em Portugal.” A mim preocupa-me seriamente o médio e o longo prazo.”, conclui.

O momento é, assim, de apreensão dentro da modalidade, apesar de esta ter sido uma época muito positiva ao nível das camadas jovens. E este é o motivo que faz prever que os próximos anos poderão ser alimentados pelos novos valores, além da recuperação de alguns dos principais atletas portugueses, que tiveram um ano negro no que se refere à sua condição física, embora outros o tenham feito por opção.

O alarme soou em Moscovo e será brevemente transmitido a Portugal, depois de poucas semanas de férias reservadas aos principais agentes decisores da modalidade, em Portugal. Setembro promete um início quente com a resolução de vários problemas que funcionam, cada vez mais, como feridas abertas para a sociedade portuguesa.

Enviados Especiais: Edgar Barreira (texto) e Filipe Oliveira (foto)

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