O hotel que serviu milhares em Moscovo 1980 (dia 8) |
| Domingo, 18 Agosto 2013 | |
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Acompanhe os diários da equipa do Atleta-Digital Com a estadia quase a terminar, começamos já a sentir a devida nostalgia relativamente às excelentes noites de descanso, mesmo quando se tratavam de poucas horas, neste hotel. E este hotel faz parte de um complexo de hotéis que foi construído em 1979 a pensar nos Jogos Olímpicos de 1980 e que para este Mundial tinha dois hotéis oficiais reservados à imprensa. Este complexo possui os hotéis Alfa, Beta, Vega e Gamma-Delta. O Alfa e o Vega são oficiais para este Mundial, os outros não. Na escolha do hotel tivemos em conta a proximidade do hotel com um hotel oficial e nada como vir para um não-oficial (Beta), sendo exatamente ao lado do oficial. Entre as regalias que se perdem, não poderemos dar-nos como insatisfeitos com a escolha, bem pelo contrário. Foi muito pior a nossa escolha em Barcelona há três anos atrás, por exemplo…  Segundo estatísticas, este complexo de hóteis é dos que tem maior número de quartos em todo o Mundo, acima das 7000 camas e isso justifica que seja uma pequena aldeia, onde há inúmeros serviços disponíveis, entre mini-mercados, restauração, lojas, etc. O hotel Beta, por exemplo, tem dentro uma sapataria. Ao nível das comodidades qualquer um dos hóteis deste complexo oferece-as em abundância e o que a nós nos deixa satisfeitos é que conseguir um quarto no Beta acabou por ficar a menos de metade do preço dos restantes hotéis (quer do complexo, quer os de igual qualidade no resto da cidade). Foi um achado, diríamos, mesmo que o autocarro disponibilizado pela Organização demore 40 minutos a chegar ao Estádio… Quase todas as refeições da noite têm sido feitas nas imediações do hotel e a preços muito aproximados da média europeia, o que é bom se tivermos em conta que Moscovo é considerada uma das mais caras cidades do Mundo, um motivo suficientemente forte para termos considerado bem a vinda até cá. Hoje de manhã fui explorar a última zona que faltava explorar na zona do Izmailovo. É uma zona muito utilizada para fins de artesanato, venda de objetos típicos (matrioskas estão em força), venda de velharias e de muitos objetos ainda da II Guerra Mundial. Para quem for colecionador, esta é uma excelente oportunidade de comprar produtos históricos e no fim-de-semana a feira enche-se de pessoas vindas de todo o lado, para lá daquelas que alojadas no Izmailovo acabam por dar um pulinho ali. Depois era tempo de irmos até ao Estádio e deixarmos para amanhã uma ida mais aprofundada a esta feira, que é também escolhida por casados de fresco para tirarem as habituais fotografias. Aliás, os hotéis do Izmailovo, já reparámos, são muito escolhidos para a primeira noite após o casamento, talvez porque o principal hotel do complexo, o Vega, acabe por ser luxuoso o suficiente para acolher tamanho momento histórico na vida de um casal. Hoje mesmo, na receção do nosso hotel, um casal, ainda com a roupa do casamento, estava na receção para fazer o check-in do quarto, o que não deixa de ser curioso…  Com tantos hóspedes e tanta coisa a acontecer, não admira que também o mercado do sexo passe por aqui. Ao lado dos hóteis existe aquilo que presumimos ser uma sex-shop e hoje, enquanto relaxávamos no bar do hotel percebemos aquilo que já tínhamos verificado numa outra zona encostada ao hotel. Os espaços para fumadores são utilizados por prostituição de ocasião, discreta, mas visível. Estamos a falar de mulheres, bem vestidas e com idades para lá dos 30 anos, que abordam cirurgicamente homens que lhes pareçam ter capacidade económica, pois está claro (é escusado dizer que felizmente não fomos abordados!). Elas sentam-se junto do seu “alvo”, conversam e tentam levá-los para quatro andares acima, uma informação que verifiquei numa busca na internet, para ter a certeza que tudo o que tinha observado se tratava, de facto, de prostituição. Não é uma prática exclusivamente moscovita, dado que em tempos me lembro de ter visto um documentário televisivo sobre esta questão, que se pode tornar complicada se o hóspede aceitar tais convites, transformando-se muitas vezes em casos de polícia. Ainda assim, o cenário e a abordage+m não estragam qualquer boa cerveja que se esteja a beber… E completo o diário confirmando uma teoria dita por um local acerca da forma como se deve beber Vodka. Sendo uma bebida muito típica desta zona, há várias marcas e há também diferentes aperitivos a usar com a bebida. O facto da bebida ser praticamente álcool etílico, que confirmo com toda a certeza, leva a que um aperitivo intermédio seja comido, para cortar o sabor e dar, assim, o prazer perfeito de beber Vodka. Quando não há aperitivos e só há Vodka, a técnica é cheirar o sovaco (sim é isso mesmo!), tendo a certeza que cortará o sabor do álcool, o que não duvido. Confesso que não experimentei, pareceu-me demais, mas experimentei uma outra teoria que consistia em beber Vodka e cerveja. Aparentemente existe a teoria de que a combinação das duas, chamada de Ouriço-cacheiro, deve seguir uma ordem específica: primeiro beber a Vodka, depois apagar o “fogo” com meio litro de cerveja. Se no dia a seguir a pessoa acordar com a chamada “ressaca”, então há que beber mais uma ou duas canecas de cerveja. Só soube disto depois de num dia ter bebido primeiro cerveja e depois Vodka, o que me soube bem, mas que não é o real hábito nesta combinação. Foi então necessário no dia a seguir utilizar o procedimento correto….e não é que há diferenças? Felizmente não foi o suficiente para a ressaca, até porque o fiz em quantidades muito moderadas, mas nesse dia dormir foi muito mais fácil para mim. O interessante foi ver que a teoria resulta e é sempre mais fácil testar estas teorias quando o bar fica muito próximo do hotel, logo em caso de “fogo”, não seria difícil subir até ao oitavo piso. Até os elevadores são super rápidos, nunca o problema seria chegar ao quarto. Aliás, depois destas bebidas não deixei de trabalhar nos resumos diários e confesso que até resultou muito bem… Izmailovo é um sitio que irá mesmo ficar na nossa recordação como um dos locais mais fantásticos em que já estivemos, para fazermos coberturas internacionais de grandes eventos. Bater a qualidade do complexo hoteleiro parece missão difícil, pelo menos com a mesma relação de qualidade-custo…  |
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