As diferenças ambientais com Berlim (dia 7)

Sexta, 16 Agosto 2013
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Quando estamos neste Mundial muitas das referências de comparação que podemos usar é a nossa presença nos Mundias de 2009, na cidade de Berlim, depois de termos falhado a presença em Daegu. E no que à cidade diz respeito e aos costumes do povo moscovita, Berlim é obviamente um local com muito mais qualidade de vida. Ao longo destes dias temos reparado que sim, a cidade tem muitos caixotes de lixo, mas não, não consta que existam pontos de reciclagem com frequência, por exemplo. Segundo parece, em tempos, não sei se agora, as garrafas de vidro nem poderiam ser recicladas de todo (por questões de higiene). E hoje, enquanto demos uma volta pelo Parque de Sokolniki (muito aprazível por sinal), confirmámos o hábito russo das pessoas andarem sempre com garrafas atrás, com as mais diversas bebidas. Poderia constar que fosse Vodka, mas não querendo generalizar, falarei apenas em bebida…

Rebobinando para quatro anos atrás, lembro que quando os Mundiais passaram por Berlim, a Organização impulsionou uma forte componente ambiental associada ao evento, onde todas as garrafas de água devolvidas, permitiam-nos recolher o sinal dado para questões ambientais – quem não fosse devolver a garrafa perdia esse sinal. Os cartazes alusivos às questões ambientais eram muitos e na internet, para dar corpo a este diário fui até procurar indicadores relativamente a fatores relacionados com a poluição. E ainda que seja uma análise de perceção de utilizadores, ela espelha uma boa parte do que também diria, na comparação entre as duas cidades.



É sabido que Moscovo é das cidades mais poluídas em todo o Mundo e não é um problema só relacionado com a atitude das pessoas, mas também pela forte indústria aqui presente. Por exemplo, mesmo ao lado do Complexo olímpico, várias chaminés fabris erguem-se nos céus, quase como se fossem arranha-céus, como tantos outros. Hoje voltámos, contudo, a observar a preocupação na limpeza das estradas, onde vários camiões espalham águas com agulhetas, para baixar o nível de poluição nas estradas, onde com tanto tráfego o cheiro a combustível é frequente. O rio Moscovo (sim, é o rio que dá o nome à cidade) é também um foco de poluição, mais junto à cidade, do que noutros pontos deste rio. Não deixámos de ir ao rio molhar os pés, num destes dias, mas notámos que o mesmo não é assim tão limpo quanto merecia ser, apesar das várias tentativas de despoluição, que permitiram que o rio fosse muito mais limpo em relação ao que já foi.

E depois a Rússia, segundo já falámos, lemos e nos apercebemos, é um país que depende demasiado da exportação de produtos e confirmámos isso hoje quando na ida a um supermercado encontrámos frigideiras produzidas em Portugal, numa fábrica que fica muito próxima do sítio onde o meu colega Filipe mora. Por exemplo as garrafas de vidro são maioritariamente importadas da Turquia e se por cada garrafa não reciclada os russos comprarem uma no-va garrafa, obviamente que o preço tem de aumentar nos custos de produção, por nova importação.

Parece haver na Rússia gastos a mais que decorrem da própria atitude do país e estes são motivos que separam claramente o pensamento russo com o da zona da União Europeia, fazendo muito mais sentido que a Rússia não integre este esforço europeu que tem ajudado a transformar muitos países (com tudo o que tem de bom e de mau, está claro).

O dia de hoje foi, assim, passado a ver mais uma parte da cidade, onde os símbolos comunistas ainda existem espalhados por aqui e por ali e onde imponentes edifícios sobem os céus. Muitos deles em obras, este seria um sítio ideal para virem fiscais analisarem as condições de segurança. Desde andaimes que são pequenas tampas de madeira isoladas, onde para se passar de uma para a outra se arrisca a vida, a tábuas no chão que tampam buracos em zonas pedonais, que têm aspeto de que podem partir a qualquer instante, a ferros e arames soltos quase ao nível das cabeças, este é um local onde Higiene e Segurança no Trabalho parecem não existir.

Despeço-me com algumas das imagens captadas hoje e que ilustrarão este Diário. Ainda assim, Moscovo não deixa de ter uma identidade muito própria e isso é positivo.















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