A mascote que ainda não é Berlino (dia 4)

Terça, 13 Agosto 2013
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Este Mundial está a ser fustigado pela falta de presenças na bancada, um fator de queixa de muitos atletas que têm visto neste Mundial de Ar Livre uma autêntica frustração competitiva. Quando um atleta compete fá-lo para se superar, mas fá-lo também para mostrar a superação. Por outro lado a diferença fundamental entre o treino de um atleta e uma competição é a existência da emoção, que pode ser criada pelo público, ou pelo simples de facto de ser a competição do ano e de ter os melhores do Mundo na pista.

Ora, treinar meses a fio, privando-se de um estilo de vida menos controlado e tão dependente do corpo, para depois competir em Moscovo perante uma assistência nas bancadas tão fraca, naquela que é a principal competição do ano…deve ser desmotivante.

E é aqui que começa o insucesso de uma organização e também isto reflete um pouco o sinal dos tempos e também o facto de muitos russos estarem fora da cidade nesta altura do ano. Mas neste caso mais particular estamos mesmo a falar de falta de interesse de um povo que tem e continuará a ter muitos eventos desportivos internacionais em disputa no seu território.

Ora sem emoção não há ídolos em aparecimento constante, porque a noção de ídolo passa exatamente pela capacidade de ser encorajador de algo ou de alguém. E isto leva-nos aos que mais têm feito levantar bancadas em Moscovo. Comparemos Usain Bolt a Elena Isinbayeva. Há dois dias atrás Usain Bolt conseguiu com que a maior enchente dos campeonatos se desse, com a presença de mais de 40 mil espectadores. Hoje estou em crer que Isinbayeva fez com que os russos quase enchessem o Estádio, ou seja, perto dos 50 mil espectadores (não há ainda dados oficiais). No entanto lembro-me que em Berlim, há quatro anos atrás, os espectadores eram cerca de 60 mil na maioria dos dias, uma média que aqui nunca se chegará, porque o estádio também não leva mais do que 50 mil espectadores, já depois da adaptação para minimizar grandes “carecadas” na bancada.



As bancadas sempre se vão compondo, com escolas e outras entidades a terem bilhetes para tentarem cobrir um enorme vazio de bilhetes não vendidos anteriormente, o que traz um grave problema atrás, nomeadamente na exposição da marca “atletismo” nos meios de comunicação. O evento tem sido visto como um fracasso do ponto de vista da promoção local, uma imagem que ainda se tenta corrigir durante o campeonato.

E isto leva-nos à mascote do evento. Tem sido hábito os grandes eventos internacionais de atletismo recorrerem a uma mascote para dar outro colorido ao evento. E o lançamento de uma mascote é cada vez mais uma estratégia de marketing que se deve entender como mais uma fonte de receita. Em Moscovo, a Mascote foi lançada na cerimónia de abertura, ao fim do primeiro dia de provas e ao segundo dia lá estava Usain Bolt na final dos 100 metros. Em Berlim, foi Bolt quem potenciou a mascote, de seu nome Berlino, desta vez Bolt nem olhou para a mascote. Ao terceiro dia a mascote teve um papel apagado, ao quarto dia tentou renascer, com a vitória de Isinbayeva. E em extremo terá sido a russa a conseguir dar chama a esta mascote que não tem interagido com o público, um fator fulcral para o sucesso no investimento que originou a sua criação. Por outro lado não é de compreender porque se apresentou a mascote com tanta pompa e circunstância, com o olhar direto de Vladimir Putin, se depois o objetivo não é a venda de mascotes. É, assim, um investimento sem retorno…Tem sido maior a interação com o público aquela que tem sido feita com o designado “Dancing Time”, que consiste em utilizar os tempos mortos para, com uma música mexida, focar alguém no painel de transmissão televisiva que quase é obrigada a dançar ao som da música, para todo o estádio ver. Se isto tem a sua dinâmica, é pouco o impacto, dado que estes momentos ocorrem quando quase não há público na bancada, logo a transferência do impacto mediático é praticamente nula…

Há até quem já suspire dizendo: Volta Berlino, estás perdoado...



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