O Putin que me parou (dia 1)

Sábado, 10 Agosto 2013
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O título é um daqueles trocadilhos que podemos fazer em dias em que um ser maior se antecipa ao Murphy. Pois é, Vladimir Putin hoje fez o impossível de ser o legítimo dono de um trono que não se despega de si, tanto é o poder e há tanto tempo colocando o poder máximo na Rússia. Numa altura em que as tensões entre EUA e Rússia são fortes e em que as tensões entre Rússia e vizinhos são grandes, nada como garantir que chegada, estada e saída de Vladimir Putin, presidente russo, se fazem em total segurança…

Antes de ir ao momento que me fez escrever o título, vou falar do motivo que levou Vladimir Putin a visitar-nos em Moscovo. Como a entidade maior, Putin veio inaugurar o evento ao final do primeiro dia de competições, uma prática já muito usual neste tipo de competições, mas que não deixa de desvirtuar o conceito de cerimónia de abertura (de algo que já começou…). Pormenores de lado, a cerimónia foi mais rica do que é costume, no conteúdo, no investimento, na pompa e na circunstância. Com a forte aposta russa em eventos, a estratégia que parece subjacente é a da promoção da Rússia, da sua cultura e dos seus costumes. No Mundial de Atletismo focou-se o tema em torno dos cientistas, astronautas, músicos, dançarinos, os feitos mais relevantes de um país que está no fundo num momento recessivo, comentou-me uma figura portuguesa bem conhecedora desta realidade, de que em breve falarei. Os elementos foram feitos no solo, pelo ar e culminou no desembrulhar de uma “surpresa” reservada ao longo de todo o primeiro dia e que estava pendurada no “toro” que se encontra ao nível da cobertura do estádio. Essa surpresa era a mascote do evento em grande, insuflável como tantas outras figuras que apareceram durante esta cerimónia.

Depois deste culminar, um cúmulo que não nos permite perdão à Organização. Será possível que esta festa toda culmine num fogo de artifício que a maioria viu no ecrã do estádio, com ele a acontecer mesmo ao lado? Provocou uma debandada instantânea de público para ainda ver um resto de fogo de artifício na parte exterior, fez correr fotógrafos que já procuravam “bonecos” dentro do estádio, fez-nos pensar que faltou algum elo de ligação para que tamanho espectáculo pirotécnico tivesse minimamente impacto para todos os que estiveram presentes.

Fechada a cerimónia era tempo de ir apanhar um autocarro para o hotel e quando tudo ainda estava na “ressaca” deste ato falhado que foi o espectáculo pirotécnico, ocorre um dos grandes insólitos deste e talvez um dos maiores se somados os acontecimentos dos eventos em que marcamos presença há mais de cinco anos. Toda uma avenida que “rasga” todo o jardim que rodeia o estádio, estava fechado, por seguranças autoritários, diferentes dos que temos visto nestes Mundiais, com uma postura de medir milímetros para identificar potenciais ameaças. Na verdade a avenida é composta por uma estrada de cerca 5 metros, mas que estava completamente bloqueada de um lado e de outro…E o motivo é simples, a caravana presidencial estava ainda em recinto fechado e por ali iria potencialmente passar. Condicionaram-se chefes de equipa, juízes, jornalistas, elementos que trabalham diretamente para o evento, sem explicação prévia e sem compreensão mínima. E no final, passado meia-hora de seca monumental, as passagens subitamente abriram…sem que Putin saísse…Não é nada que um ser humano possa compreender…

Consequência, autocarros perdidos, tempo de ir em busca de um Metro, após outra meia hora perdida à espera do próximo autocarro, que nunca veio. Com uma hora de metropolitano ainda disponível, cerca de 30 elementos percorreram as ruas em manada, entraram no Metro em manada, cada um confiando no próximo pela possibilidade de todos chegarmos ao mesmo destino, o mesmo hotel. Foi, assim, a nossa estreia pelos túneis que totalizam mais de 300 quilómetros de metropolitano em Moscovo, depois de identificadas as pessoas que realmente percebiam minimamente desta encruzilhada de linhas, sem indicações claras dos nomes das estações. É um mundo subterrâneo a explorar, prometo…

Antes de chegar ao hotel foi tempo de passar numa conhecida loja de sandes, comprar alguns produtos para termos pelo hotel e vir até ao quarto, para recuperar trabalho perdido. Tudo motivado por uma causa apenas: O Putin que me parou…



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