O labirinto e os bastidores (dia 4)

Segunda, 04 Março 2013


Vir a uma competição internacional é mais do que a adrenalina do acompanhamento do evento e a sua transmisão aos demais, é tudo o que o envolve, a interação entre todos, os contactos desenvolvidos, no fundo todo o trabalho que neste caso contribui para tornar a modalidade melhor. É ouvir os desabafos daqueles que em “on” preferem só comentar o essencial, mas que tornam privados alguns desabafos mais pessoais e relativos a pormenores que de facto pouco ou nada interessarão para uma noticia. Não poderemos deixar de realçar o interessante episódio de Hélio Gomes a pedir a camisola ao novo campeão da Europa de 1500 metros, o francês M. Mekhissi-Benabbad. Os pedidos do português transformaram-se num cumprimento entre os dois na forma de beijinho, pelo menos a única forma que fez o francês libertar a sua camisola. Na zona mista Tiago Marto acompanhou todo o evento e esperou Hélio Gomes para usar da sua boa disposição característica para deixar o seu colega de seleção “encabelado” com o episódio, em conjunto com outros elementos da comitiva da seleção. E não, isto não está só a ser referenciado para tornar esta situação mais pública, antes sim para mostrar que parte do sucesso nacional neste Europeu, também se deve ao espírito cultivado entre atletas e a evidência contada por João Abrantes, sobre essa influência positiva...

Nem tudo tem de ser público, apenas o resultado desportivo acaba por interessar de facto. Neste Europeu a imprensa tinha um longo “labirinto” a percorrer até chegar aos atletas, num percurso que era feito por baixo da pista, que se encontrava 3 metros acima do solo. Acabava por ser um sistema relativamente simples para atletas e imprensa, infelizmente reduzida a dois repórteres : o Edgar (Atleta-Digital) e o Eduardo (Antena 1/RTP). E foi exatamente com o Eduardo com quem partilhámos várias ideias sobre a forma como se acompanha o atletismo em Portugal, no que toca à comunicação social. A forma como se acompanha, o distanciamento com que é feito relativamente aos atletas, a forma como os atletas encaram o trabalho da comunicação social, os condicionamentos existentes em função da forma como o atletismo está montado, etc...

Desta vez a estratégia do Atleta-Digital mudou, trouxe algo mais humano à cobertura do evento, mais tipos diferentes de acompanhamento do mesmo, sem degradar a qualidade jornalística. Trazer quatro elementos a um evento é, acima de tudo, um investimento em momentos de crise, mas é pela paixão que nos move para este fim e é também pela nossa forma muito pessoal de trazer a modalidade e os momentos para junto das pessoas da comunidade. Neste particular mais mudanças se avizinham em próximas coberturas de eventos, num modelo jornalístico que promete mudanças que se adequem ao mercado e à comunidade.

Novamente se pergunta qual o papel da Agência Lusa no acompanhamento da modalidade, estando totalmente ausentes em eventos de destaque e visibilidade portuguesa no estrangeiro. E qual a forma que a Federação Portuguesa de Atletismo pretende usar no futuro para dar relevo à modalidade. E que espaço de manobra terão os jornalistas especialistas em atletismo nos seus locais de trabalho (se é que continuarão a ter o seu posto garantido). E o que entenderá o serviço público de televisão e rádio sobre os grandes eventos de atletismo num futuro próximo. E qual será o espaço que o Atleta-Digital terá para continuar a realizar tudo como até agora, ou tudo diferente ou não realizar de todo. São muitas perguntas, muitas equações e tudo dependente da capacidade financeira de todos os que participam ativamente dentro desta comunidade.

Optar por mostrar os bastidores é uma boa forma de convencer alguém sobre a importância de apreciar os detalhes, os ínfimos aspetos que se sentem, não necessariamente os que se transmitem, embora o que se transmita também dependa dos ínfimos aspetos. Quanto mais a comunidade se apaixonar, mais apaixonados ficarão todos os restantes agentes e tudo isso se vai sentido aqui e ali, dentro dos labirintos e bastidores da modalidade.

O futuro, alguém o diria, a Deus pertence. Mas para menos religiosos poderemos identificar que o futuro a todos nós pertence, porque a comunidade não deve funcionar isolada e em função de um pequeno conjunto de pessoas, ela deve funcionar de forma interligada, de preferência com ligações fortes. Cabe à comunidade dar a resposta ao que lhe é “oferecido” e neste Europeu sentiu-se um bocadinho dessa tendência de partilha e de oferta. Faltará conhecer os próximos episódios...



| Mais
 
< anterior   Seguinte >









facebook atleta-digital rss atleta-digital
 
SRV2