O caso de polícia : K32870 (dia 1 e 2)

Sexta, 01 Março 2013


Desde 2008 que a equipa do Atleta-Digital se dedica a acompanhar os eventos internacionais, porque é um esforço que vale a pena, que dignifica o atletismo nacional, que dignifica também o nosso trabalho que é desenvolvido para toda a comunidade. Já tivemos de tudo, de coisas que correm muito bem, às que correm menos bem e nesse particular está ainda na nossa memória o disco externo irrecuperável que fez com que perdêssemos uma boa parte das fotografias em Barcelona, durante o Europeu de 2010. Já tivemos quedas, já estivemos hospedados em locais menos dignos, já perdemos dezenas de linhas de texto. O que vos contamos de seguida é o nosso pior episódio de coberturas internacionais, porque nos afeta directamente e antes que a família de cada um de nós se preocupe em demasia, estamos todos bem e nada molestou a nossa integridade física.

Chegámos a Gotemburgo ao mesmo tempo, apesar de vindos aos pares de Lisboa e Porto. O encontro em Bruxelas quase podia ter corrido mal, depois de atrasado o voo do Porto, para uma escala que foi de menos de uma hora. Felizmente o embarque decorreu a horas e que as malas chegaram todas ao destino. A chegada a Gotemburgo foi a tempo e horas e assim teria mesmo de ser, afinal Marco Fortes competia menos de duas horas depois…Após o evento, o merecido jantar, principalmente para os estômagos do Filipe e Telmo que vinham em défice desde o Porto. E fomos à procura de ir para o hotel e é aqui que começa o contexto do caso de polícia…

Primeiro a procura do autocarro certo para ir até ao hotel, levou-nos à necessidade de apanhar um táxi. O condutor seria tudo menos sueco, com inglês quase imperceptível, quase a parecer um mercantilista de automóveis avariados. Na Suécia ser “mal remunerado” será afinal um bom emprego, comparando com a realidade nacional. Era contudo simpático, apesar do seu estilo gingão, o chamado chico-esperto. No momento de pagar estávamos perante 306 SEK de despesa, que estávamos dispostos a pagar por multibanco. Ele logo negociara por menos 6 SEK (não chega a 1 €), desde que fosse em dinheiro. Acenámos que sim, ele recebeu o dinheiro e fomos buscar as malas à bagageira do táxi. Eram muitas malas, de quatro pessoas, de quem vem numa viagem de 6 dias, no total. Uma a uma as malas foram saindo e à medida que cada um estava despachado foi entrando no hotel. Alguém se lembrou da necessidade do recibo, que foi solicitado ao taxista, que prontamente voltou à frente para retirar o devido recibo. Cumprimentou todos nós, deu-nos um cartão com o contacto e pôs-se ao caminho.

Os quatro membros do Atleta-Digital entraram no hotel e estaríamos há pouco mais de um minuto dentro do hotel e apercebemo-nos da falta de uma das malas. A partir daqui falarei em nome pessoal (Edgar), porque se trata da minha mala. Questionei os meus colegas sobre a mala, se a tinham visto, fomos à rua ver se ela estava por acaso esquecida na entrada, voltámos dentro, voltámos à rua, iterativamente até concluirmos que estaríamos perante um roubo. Reconstruimos a cena desde o momento em que a mala saiu da bagageira. E sairiam duas conclusões, uma delas acabaria correta : o taxista durante o seu momento de simpatia extrema levaria a mala consigo em “troca” de 6 SEK ; uma pessoa que estava relativamente próxima da entrada do hotel pegaria na mala e levaria consigo como “recordação”.

Junta da receção tentámos saber se seria possível fazer a análise das câmaras de vigilância, que eventualmente servem para alguma coisa, como por exemplo para…vigilância. A recepcionista prontificou-se a analisar a situação, visualizando as imagens das câmaras, mas face ao adiantado da hora, essa prontificação só estaria concretizada na manhã seguinte.

Não posso dizer que tenha ido para os lençois feliz, nem posso considerar que a experiência foi boa, mas foi, apesar de tudo, uma noite bem passada, com muito sono à mistura. Foi, até, melhor do que pensei que fosse, porque ninguém gostará de ter o seu investimento nas mãos do alheio, seja de que nacionalidade for.

De manhã, depois do pequeno-almoço, fomos à receção, que nos pormenorizou o que aconteceu na cena do crime : eu pousei as malas em grupo (três no total), pegando em duas delas, deixando a terceira. Qual Usain Bolt do roubo, o solitário ser humano que se encontrava perto da entrada acabaria mesmo por ser identificado como o ladrão, diga-se identificado apenas na primeira abordagem ao caso, infelizmente não existe uma identificação clara da pessoa que é.

O assunto é, agora, um caso de polícia, entregue que foi o caso às autoridades locais. O prejuízo é, infelizmente, grande. Dentro da mala encontrava-se um computador, um disco externos e outros pequenos bens, que podiam ser úteis. Isto afetou, obviamente, a cobertura do evento em Gotemburgo. O que tentámos desde esta manhã foi minimizar os “estragos” provocados por este caso, mas se ainda existe material para fazer o que já habituámos todos nas nossas coberturas, o ânimo é bastante inferior ao que me trouxe para Gotemburgo. Tentarei não espelhar isso na cobertura, nem contagiar os restantes três elementos, mas achei que seria importante expor que estamos diminuídos na nossa capacidade de acção (mas talvez até nem notem…)

Este diário parcialmente inclui o segundo dia de presença em Gotemburgo, para expor a situação num todo.
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