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Fernando Silva foi o vencedor da prova masculina.
Um ano depois Dulce Félix voltou a ser feliz no Crosse da Amora, com a vice-campeã europeia de corta-mato a garantir um lugar para Budapeste.
Hoje decorreu a primeira das duas etapas nacionais que decidem a seleção que representará Portugal no Europeu de corta-mato, no próximo mês de Dezembro. Com um percurso molhado e até enlameado em alguns pontos, a prova decorreu com a nota positiva do muito público presente, que trouxe o habitual dinamismo entre espectadores que foram acompanhando a prova. Afinal em causa estavam os escalões de juniores e séniores, com a atenção para os atletas sub-23.
SILVANA DIAS FOI IMPLACÁVEL NO ESCALÃO DE JUNIORES, ONDE SAMUEL BARATA FOI COMBATIVO
Não é certo que Portugal leve equipas completas ao Europeu de corta-mato, no escalão de juniores e a separação entre o top-5 foi diferente em cada género. No setor feminino cedo se percebeu quem estaria ali para mostrar um momento de forma acima das restantes adversárias, com Silvana Dias (UD Várzea) a destacar-se num traçado de 5000 metros. Silvana Dias, que não tinha marcado presença há um ano, terminaria em 17.38 minutos, 47 segundos mais rápida que Diana Almeida (SL Benfica) que também chegou sozinha. Mais atrás chegaria Catarina Gonçalves (UD Várzea) já distanciada de mais de um minuto para a vencedora, sua colega de equipa.
Mais concentração da qualidade dos resultados acabaria por ocorrer no setor masculino de juniores, com tudo a resolver-se na última volta. Os atletas estiveram ao longo do evento em marcações cerradas e se Guilherme Pinto (Sporting) puxava a meio da última prova na frente, a verdade é que seria mesmo Samuel Barata (Benfica) a vir de trás para a frente para recuperação de lugares, até ao topo. ”Fiquei muito contente pela grande recuperação que fiz”, disse Barata no final, depois de cortar a meta de forma empolgante. O atleta, que cruzou a meta em 22.49 minutos, venceu pela primeira vez na Amora e agora pensa em conquistar um lugar no top-8 do Europeu de Corta-Mato : ”Se o percurso for rápido e se não houver muitas curvas, acho que vou sentir-me muito bem”. Atrás de si ficariam Guilherme Pinto (22.55) e o ainda juvenil Miguel Marques (Benfica), este último terminando em 23.01 minutos, dois segundos à frente de Bruno Varela (Benfica).
DEPOIS DA DESILUSÃO DE NOVA IORQUE...DULCE FÉLIX REGRESSOU ÀS VITÓRIAS NO CROSSE
Uma das provas mais aguardadas da manhã era a de séniores femininos, com a presença da vice-campeã europeia da especialidade, Dulce Félix (Maratona). Muito cedo a prova começou a definir-se para aquilo que seria o conjunto de resultados finais. Sem forçar ritmos ainda mais rápidos, Dulce Félix acabaria por se destacar das suas adversárias, seguida por Leonor Carneiro (Maratona) e de três atletas leoninas, que hoje puseram o Sporting bem visível em crosses : Catarina Ribeiro, Carla Salomé Rocha e Ercília Machado. Também cedo Anália Rosa (Maratona) desistiu, ela que é uma das atletas sempre candidata a Europeus de corta-mato.
Vitoriosa há um ano, Dulce Félix hoje percorreu os 6000 metros até de forma mais rápida do que há um ano atrás, aliás como todos os vencedores a partir do escalão de juniores. Os 20.48 minutos, que acontecem a abrir o período de seleção e não a fechar como em 2011, serão animadores para a preparação de Dulce Félix : ”Custou-me menos um bocado do que no ano passado, mas este circuito é difícil”. A atleta queixou-se da necessidade de impor ritmos mais rápidos, numa passagem entre a Maratona de Nova Iorque, que este ano acabou por não realizar e o Europeu de Corta-Mato e aí a atleta garante ”tentar lutar por uma medalha”, pelo terceiro ano consecutivo. Antes desse objetivo ainda competirá dentro de duas semanas no centro da Europa, no limite do período de observação.
Mais para trás apareceu bastante melhor Leonor Carneiro, em relação a épocas anteriores, depois da decisão de ser mãe. Sem outra concorrência mais forte, Leonor Carneiro também deverá ter garantido a seleção, ainda que Torres Vedras ainda deva trazer atletas como Sara Moreira e Jéssica Augusto, complicando as contas no setor feminino. Quem acabaria por se mostrar num excelente nível competitivo foi Catarina Ribeiro (Sporting), que chegou no terceiro lugar, mas sendo a primeira atleta sub-23, destacada das restantes. Também colega de equipa de Catarina e Dulce, Ercília Machado foi quarta classificada, entre a luta pelas sub-23, onde Carla Salomé Rocha foi quinta classificada. Mais para trás, no oitavo lugar, chegaria a terceira sub-23, a internacional Marta Martins (Juv. Vidigalense).
A LUTA RENHIDA ENTRE FERNANDO SILVA E O INESPERADO LUÍS FEITEIRA
Mais interessante foi a corrida masculina, já que alguns dos candidatos marcavam aqui presença, entre outros tantos atletas que poderiam funcionar como outsiders. A frente da corrida foi relativamente lenta na parte inicial, originando uma prova aos “esticões”. O primeiro a tentar esticar foi Sérgio Silva (Maratona), ele que vem desenhando uma carreira depois de um período difícil da sua carreira. A fuga inicial seria facilmente anulada pelo pelotão de candidatos, onde figuravam outros atletas, entre eles Rui Pedro Silva (Benfica), que acabaria por desistir, ele que já tinha marcado recentemente a ausência da Maratona do Porto. À terceira volta eram cerca de dez atletas a marcar presença na frente da corrida, que a duas voltas do fim adivinhava mudanças fortes, numa altura em que Sérgio Silva (Conforlimpa) e Rui Teixeira (Maratona) tentavam desempenhar protagonismo.
Acabariam por ser Luís Feiteira (RB Running) e Fernando Silva (Maratona) a desempenharem um papel de ataque à corrida, depois de se minimizarem a uma mera presença no grupo principal. Os dois destacaram-se dos restantes adversários, com Alberto Paulo (Benfica) na perseguição direta. Se a uma volta do fim não se adivinhava um vencedor com certeza, essa certeza só seria desfeita na reta da meta, onde Fernando Silva festejou perante o baixar da guarda de Luís Feiteira, com ambos a possivelmente terem alcançado o objetivo de estar em Budapeste em dezembro. ”Estou muito contente porque superei as expectativas”, disse Fernando Silva que luta pelo regresso ao bom nível do corta-mato, a especialidade que o tornou reconhecido. O combate da ansiedade resultou para Fernando Silva que aproveitou da melhor forma o piso relativamente “pesado”, um tipo de percurso que espera apanhar em Budapeste. O mais aplaudido da tarde, Luís Feiteira, acabaria por acabar exausto, ele que com 39 anos decidiu voltar ao corta-mato e contrariar os seus objetivos de Maratona. ”Venho dos Jogos Olímpicos com muitos quilómetros por causa da Maratona”, justificou Luís Feiteira que surpreendeu com este segundo lugar, no que considerou ser ”um tiro de sorte para o corta-mato”. O atleta, que vive e trabalha na região, espera que haja renovação do setor de fundo português, mas considera que esta sua prestação ”é uma forma de demonstrar a mim mesmo que a idade não conta”, numa especialidade que já não preparava afincadamente há cinco anos.
Se inicialmente estava distanciado, Alberto Paulo acabaria por reduzir o espaço para a frente da corrida, com um terceiro lugar que fica somente a dois segundos de Feiteira e a quatro segundos de Silva. Há um ano surpreendente vencedor, Rui Teixeira foi este ano mais recatado com um quarto lugar e no quinto lugar reaparecia outro atleta que foi dado no passado como uma esperança do fundo português. António Silva (Sra. do Desterro) finalizou no quinto lugar, dois segundos à frente de um dos protagonistas do dia de hoje, Sérgio Silva.
A luta entre os atletas sub-23 já se fez fora do top-5 e se se podia esperar Rui Pinto (Benfica) a dominar, essa aposta sairia gorada com a prestação de Hugo Correia (Sporting) que sendo oitavo classificado colocou em sentido Rui Pinto, que finalizou a oito segundos do atleta leonino. Luís Mendes (Sra. do Desterro) acabaria por ser o terceiro sub-23, mas a mais de meio minuto dos restantes.
TORRES VEDRAS PARA DECIDIR O QUE FALTA
Faltam duas semanas para o corta-mato que decide o resto da seleção. Em Torres Vedras tudo ficará fechado e até lá outras prestações serão também avaliadas. Novamente a responsabilidade desta seleção ficará a cargo de Sameiro Araújo que, tal como o selecionador nacional, José Barros, marcou presença hoje no Parque do Serrado. Na disputa os escalões de juniores são sempre lutas mais em aberto, pelo que Torres Vedras parece fundamental neste particular. Em séniores o setor feminino parece constituir mais dificuldades de seleção que o setor masculino, porque da “espinha” da equipa faltam ainda Jéssica Augusto e Sara Moreira, além de Anália Rosa, hoje desistente. No setor masculino ficará por apurar se para Rui Pedro Silva o Europeu de Corta-Mato é prioritário, faltando ainda ver os momentos de forma de atletas como José Rocha.
RESULTADOS:
Juniores Fem (5000 m) :
1. Silvana Dias (UD Várzea) – 17.38
2. Diana Almeida (SL Benfica) – 18.25
3. Catarina Gonçalves (UD Várzea) – 18.43
Juniores Masc (7000 m):
1. Samuel Barata (SL Benfica) – 22.49
2. Guilherme Pinto (Sporting CP) – 22.55
3. Miguel Marques (SL Benfica) – 23.01
Seniores Fem (6000 m):
1. Dulce Félix (Maratona CP) – 20.48
2. Leonor Carneiro (Maratona CP) – 21.08
3. Catarina Ribeiro (Sporting CP) – 21.14 1ª S23
4. Ercília Machado (Sporting CP) – 21.25
5. Carla Salomé Rocha (Sporting CP) – 21.41 2ª S23
(...)
8. Marta Martins (Juv. Vidigalense) – 22.36 3ª S23
Seniores Masc (10000 m):
1. Fernando Silva (Maratona CP) – 31.41
2. Luís Feiteira (RB Running) – 31.43
3. Alberto Paulo (SL Benfica) – 31.45
4. Rui Teixeira (Maratona CP) – 32.00
5. António Silva (ACRSD – Napo) – 32.10
(...)
8. Hugo Correia (Sporting CP) – 32.25 1º S23
9. Rui Pinto (SL Benfica) – 32.33 2º S23
13. Luís Mendes (ACRSD – Napo) – 32.58 3º S23
Enviados Especiais : Edgar Barreira (texto) e Joana Oliveira (fotos)
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Grande supresa Grande prova!!! para mim a supresa!!!