Os pódios, o trabalho e o turismo (dias 4 e 5)

Segunda, 02 Julho 2012


Entre ontem e hoje, confesso que tive pouco tempo para escrever os diários. Ter vindo sozinho para Helsínquia cobrir este evento tão importante não me tem feito poupar esforços para cumprir com as obrigações e, ao mesmo tempo, conhecer a cidade. Sendo os diários quase um local familiar, para mais tarde recordar, são eles (os diários) os principais prejudicados.

OS PÓDIOS

Tinha prometido falar do local de cerimónias e hoje fá-lo-ei numa pequena reflexão. Antigamente todo e qualquer pódio de grande evento tinha a sua realização dentro do local mais digno, o Estádio, porque é lá que se concentram as competições, porque é lá que estão o público e os atletas, porque é lá que a transmissão se obriga a transmitir tão solene momento. De há uns anos para cá a opção dos grandes eventos tem sido a deslocação das cerimónias ou das provas de estrada para fora do Estádio, até porque obrigações televisivas acabam por determinar menos horas de transmissão e menos quebras nas competições. Tenta-se a todo o custo diminuir o tempo de um evento de atletismo, numa condensação que se arrisca a ser prejudicial até para os próprios atletas que diminuem tempos de recuperação, sujeitando-se ao perigo das lesões. E não será por acaso que Renaud Lavillenie só tenha optado pelos 100 metros, como o caso de Ivet Lalova que foi campeã nos 100 metros e acabou eliminada nos 200 metros, ou o caso de Arnaldo Abrantes que acabaria lesionado depois de duas rondas passadas tanto nos 100, como nos 200 metros, fazendo-o abdicar da final dos 4x100 metros.

Desta vez, em Helsínquia, foi montado junto ao Estádio o parque do evento, onde estavam expostos os principais patrocinadores e um palco, que durante o horário das competições tinha espetáculos a decorrer e fora desse período, principalmente no pós-competição, os pódios e a respetiva entrega de medalhas. Por um lado o horário das cerimónias não colidia com as competições, por outro perdeu-se o lado da dignidade das cerimónias, que parecem desligadas do evento. É, talvez, a única forma de permitir que um Europeu em ano de Jogos possua apenas cinco dias de competição, mas pessoalmente preocupa-me que os pódios passem a ser meros acessórios da competição, quando historicamente eles fazem parte do evento. Que valor dará um espetador fora do atletismo ao pódio que não viu na televisão? Por outro lado sou obrigado a considerar que o parque do evento esteve sempre bastante cheio e permitiu que muitas pessoas vibrassem localmente desta entrega, talvez com uma das principais vantagens : os pódios tiveram entrada gratuita, ao contrário dos preços exorbitantes de entrada no estádio para assistir às competições.

O TRABALHO

Terminada que está a cobertura do evento, poderei dizer que estes Europeus foram exigentes para quem teve de jornalisticamente lhe prestar atenção. Com os portugueses a superarem-se, as medalhas a aparecerem e a sucessão de provas, o corre-corre foi constante. Apesar da zona mista ficar a pouco mais de um minuto do local onde estavam os jornalistas portugueses e espanhóis, só o facto de recolher uma entrevista dificultou trazer notícias tão atualizadas quanto desejado. Infelizmente não foi possível levar até Portugal a eficácia de outras coberturas, mas diria que já terá sido muito bom que Portugal tivesse em Helsínquia cinco órgãos de comunicação diários : Atleta-Digital, A Bola, Agência Lusa, Antena 1 e RTP. É importante realçar que a continuidade deste tipo de presenças é importante para se dignificar o atletismo nacional e no caso deste ano permitiu-se ter um site, um jornal, uma agência, uma rádio e uma televisão…Estiveram ainda em Helsínquia representantes de clubes (como o Benfica) e de atletas (como a HMS Sports). Ou seja, estiveram em Helsínquia muito para lá da meia centena de portugueses diretamente relacionados com o evento, já não contabilizando os portugueses nas bancadas.

O TURISMO

Quando um Europeu é realizado numa determinada cidade o objetivo é também a partilha de culturas, a partilha de conhecimentos e o turismo desportivo. Obviamente que apesar de ter tarefas, como anteriormente escrevi, o turismo também me afetou positivamente de alguma forma. Enquanto que há dois dias fui conhecer o centro da cidade, hoje fui até à Ilha de Suonmenlina, uma ilha que tem população local e uma área militar, com a permanência de uma escola militar finlandesa. Esta ilha é um conjunto de quatro pequenas ilhas que estão interligadas entre elas por pontes. Esta é uma antiga fortaleza, que fica a 15 minutos de barco do porto de Helsínquia e que serviu no passado para a defesa da cidade contra investidas dos países vizinhos. Hoje é um lugar em que a parte militar está circunscrita a uma das ilhas, com as restantes ilhas a serem autênticos lugares de lazer e que num dia de sol tem a presença de muitos turistas e famílias, que ali decidem passar um dia. Ali disfruta-se de história, cultura, praia e de relva, muita relva, onde se fazem muitos pic-nics, um hábito que tenho verificado ser frequente na cidade de Helsínquia.

OS DAY –AFTER

Com o fim dos campeonatos no dia de hoje, a minha saída de Helsínquia apenas ocorrerá na próxima 3ª feira. O custo das viagens tornou esta solução mais vantajosa, por um lado, permitindo também conhecer melhor a cidade, agora mais numa perspetiva de mini-férias. Amanhã estarei a caminho de Tallin (Estónia) onde irei fazer uma pequena visita à cidade, sendo que estou a hora e meia de barco, atravessando o golfo finlandês que se mistura com o Mar Báltico junto a Estocolmo. Próximas histórias ainda chegarão a este diário. Agradeço em meu nome e em nome do Atleta-Digital a todos os que corresponderam com as suas visitas no acompanhamento destes campeonatos.

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