A cidade que não chega a dormir (dia 3)

Sexta, 29 Junho 2012


Hoje o dia foi, diga-se, completo. O dia foi das competições ao passeio na cidade, foi das competições à vida noturna da cidade. Nesta altura do ano os nórdicos dormem pouco, aproveitam a noite para passeios, para saídas com amigos, ou para simplesmente andar de bicicleta ou skate. Existem as cidades que nunca dormem, esta não dorme no verão fundamentalmente.

Como nórdica e europeia que é, Helsínquia é uma cidade que tem a sua história para contar ao Mundo, é uma cidade com cultura, com tradições, que traz apetite para qualquer visitante que cá chega. A zona realmente turística é movimentada por turistas multiculturais, que segue do oriente asiático e se estende por toda a Europa e até África, de forma dominante. Helsínquia é quase Londres, um melting pot, mas para gente com condição económica, porque não será das cidades mais apetecíveis para fazer turismo.

Os preços acabam por ser uma excelente filtragem do tipo de turista que visita o país, até porque os ordenados mínimos estão bem acima do ordenado médio em Portugal, o que justifica melhor os preços praticados e a capacidade de compra do habitante finlandês. Desta forma não deixa de ser curioso que para manter a segurança das ruas não sejam precisos tantos polícias (que andam mais de carro que a pé) e que a sensação enquanto andamos na rua seja de perfeita calma e sem receios. É um sistema que tem na ética o seu ponto fulcral, onde até os bêbedos conseguem ser minimamente éticos. Hoje, enquanto saía do Estádio à uma da manhã, atravessei a cidade na chamada “meia-noite de verão”, onde o sol se põe mas deixando luz suficiente para vermos vários palmos à nossa frente. Entre pessoas mais ou menos animadas, pelo álcool que aquece nestas noites relativamente frias, é verdade que lá vão existindo típicos gritos e cantorias, mas nunca vi qualquer situação que estivesse em vias de prejudicar quem quer que seja…

É por isso que sair à noite aqui significa apenas e só o usufruto de mais um período de dia, ainda que estejamos nas horas da madrugada. Porque não combinar um passeio de bicicleta às 4 da manhã? Porque não ir para o banco de jardim conversar com alguém às 3 horas da manhã, em vez das 3 horas da tarde? É um conceito muito diferente de noite, dos receios da noite, do oculto da noite, que nesta altura do ano nunca chega verdadeiramente a sê-lo em terras nórdicas.

Também por isso chega a dar pouca vontade ir dormir nestas noites, pelo que hoje enquanto esperava pelo sono senti que chegavam ao alojamento várias pessoas, espaçadas por curtos minutos, porque foram realmente aproveitar as noites com luz natural e fizeram elas muito bem, principalmente se no dia a seguir não tiverem horas para acordar, o que já não era o meu caso. Por mim importava este conceito de noite cerca de duas a três vezes por ano para as minhas latitudes habituais, porque esta variação faz bem. Pelo sim pelo não a Associação Europeia de Atletismo brindou-nos em dois anos seguidos com competições por estas regiões nórdicas, pelo que começo a sentir que estou a ficar mal habituado…É que em 2013 o Mundial será em Moscovo e o Campeonato da Europa de Equipas é em Dublin. Acho que vou tirar umas férias nessa altura para conhecer outro dos países nórdicos…



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