E então?...Ok! (dia 2)

Sábado, 10 Março 2012


Ao contrário de outros países que já visitámos em grandes eventos, a Turquia tem uma enorme contrariedade no que toca ao saber lidar da forma mais eficaz com os estrangeiros. É, provavelmente, uma situação que tendencialmente está a mudar, até porque a pretensão da sua integração na União Europeia é algo que terá de mudar, não por decreto, mas por obrigação moral. Neste caso particular falo mais da capacidade de falar inglês e não, não o digo por considerar que viva num país que a esse nível tenha elevados níveis de desenvoltura…

Por outro lado a primeira impressão que tivemos do povo turco, pelo primeiro dia, tem melhorado ao longo do tempo em que aqui estamos, mas também não estamos de forma nenhuma convencidos. Mas é bom que se diga e que se saiba que o evento tem sabido lidar, na maioria dos casos, com a nossa presença por cá e essa dimensão tem sido dada pelos voluntários, que embora não saibam articular muitas palavras de inglês, esforçam-se para dar o seu melhor! Como já noutros campeonatos tive oportunidade de expressar, os voluntários acabam por ser muitas das vezes uma das forças mais relevantes num evento, também porque já vesti essa camisola e sei do que falo!

Outra das formas de expressão que a Organização tem tentado explorar, com todos em geral, é a imagem das duas mascotes, Tik e Tak. É um conceito ligeiramente diferente de outras mascotes, onde tipicamente na pista coberta quase só têm servido como um enfeite pouco animado. No ar livre o efeito tem sido maior, até pelo maior número de dias em que está exposta ao olhar mediático e nunca esqueceremos de forma alguma a interatividade que Berlino (em 2009) teve para os Mundiais de ar livre. Voltando a Istambul, Tik e Tak não terão nunca o sucesso de Berlino, mas o conceito de duas mascotes que se relacionam pela amizade e ajuda mútua, como os spots entre provas o mostram, transmitem aquilo que realmente o desporto pode significar, em oposição a outros desportos mais direcionados à polémica gratuita, como o futebol. No meio de um trajeto entre o pavilhão e o centro de imprensa, as duas mascotes puseram-se a jeito para a fotografia, para passarem a ser cinco mascotes…

Por falar em futebol, por mais do que uma vez fomos abordado nesse sentido, o que me faz refletir mais sobre o desporto. Se ter astros no atletismo não chega, basta que existam Quaresmas, Fernandes, Almeidas e Carvalhais num clube turco (Besiktas), para automaticamente os residentes acharem que é bom falar com os portugueses. Será uma atitude de simpatia, bem sei, mas será só por futebol que o nosso país vale?! Pois bem que seja, desde que não seja um turco que nos acompanhou da estação de metro quase até ao pavilhão, num passo acelerado como o nosso, a querer demonstrar que percebia imenso do futebol português (e esta não é a primeira vez que nos acontece em grandes eventos!). Da mesma forma ao descer as bancadas e ao passar por alguns voluntários, ouço imediatamente a seguir : “olha é um português!”. De facto somos espécie rara por cá, talvez seja disso!

Ainda por falar na má comunicação, numa das vezes em que apanhámos um táxi estava a tentar estabelecer um simples diálogo, simpático, velha técnica de ter a certeza que não me iria cobrar mais não sei quantas liras pelo nosso aspeto de turista. E a pergunta foi simples : “Há quantos anos conduzes táxis?!”. A resposta foi desanimadora : “Sim!”. Para mim foi tão válido como concluir uma conversa com “E então?!...Ok!”.

Edgar Barreira

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