A estação da multi-culturalidade (dia 6)

Terça, 18 Agosto 2009
Hoje debruço-me um pouco sobre alguns dos aspectos da cidade de Berlim, que é um pequeno “monstro” de cidade, ao nível da grandiosidade, como já havia comentado há alguns diários atrás.

O comboio tem sido um dos nossos principais aliados, com uma rede de transporte que é excepcionalmente boa e que, como já comentámos entre nós, quase dispensa o uso de carro por parte de quem vive nesta cidade, nós acreditamos. Se olharmos um mapa de Berlim, com as linhas de comboio, metro e autocarro, percebemos rapidamente que isso é uma verdade e não um exagero.

É por isso, que de estação em estação, vamos vendo o conceito de “melting pot”, característico de grandes cidades europeias, pelo que aqui e ali vamos percebendo um pouco do funcionamento desta cidade, dos costumes, do que é eticamente correcto ou incorrecto, do relacionamento humano e de todo o espírito de Mundial nos berlinenses. Comentava com um dos atletas da selecção no outro dia, que para ele perceber o que era Berlim, bastava meter-se no comboio, andar no ‘Ring’ (uma linha circular que tem comboios sempre a circular) e observar a cidade e as pessoas, para conhecer uma boa parte desta cidade e é isso que deixo aqui patente neste texto.

Junto da “cabana” temos uma estação, Heerstrasse, que não é mais do que uma estação com pouco movimento, mas com muitos comboios a passar, já que se encontra imediatamente antes de uma estação, a de “Olympiastadion”, que é, como o próprio nome o indica, a estação que pára mesmo junto do Estádio Olímpico de Berlim. É uma estação grande, com várias linhas, com outra dimensão e outra vida na altura destes Campeonatos. São rios de gente a sair dos comboios, uma imagem que só me lembro de ter visto quando Portugal recebeu o Euro 2004, onde as pessoas invadiam ruas e passadeiras. Várias tasquinhas à porta da estação, onde comemos hoje um belo petisco (um bife de porco muito bem condimentado, no pão – o Telmo virou-se de novo para a salsicha), várias pessoas a tentarem comprar bilhetes de última hora (com cartazes na mão) e outras pessoas a venderem (trata-se, em linguagem técnica, de Mercado Negro) e ainda vespas chatas que circundam as pessoas, sem que até agora tivesse visto qualquer pessoa a ser picada. Hoje também encontrámos um casal de portugueses, provenientes de Lisboa, que veio ao Estádio Olímpico de Berlim ver Nelson Évora actuar, com quem mantivemos um pouco de conversa, já que além de atletas e jornalistas portugueses, falar português em Berlim tem sido uma tarefa impossível, como é óbvio.

E não poderia deixar de comentar sobre a prova de Nelson Évora. Fui sentir qual o ânimo da comitiva antes mesmo da prova do nosso dorsal dourado e senti que havia uma grande esperança pelo Ouro e uma grande euforia. Infelizmente o Ouro acabou por não aparecer, mas a Prata é um prémio super merecido para este atleta, que tem qualidades técnicas e físicas completamente fora do comum e, tenho para mim, é uma opinião pessoal, que o Ouro fugiu por um motivo que nunca antes tinha afectado Nelson Évora, o psicológico. Claro que se for perguntar tal coisa a Nelson Évora ele dir-me-ia logo que não tinha nada a ver, mas como uma opinião é uma opinião…É grande, um grande atleta e Nelson Évora conquistou um feito enorme neste Mundial. Deixou-nos a todos muito felizes, ainda que com aquela pontinha de “ciúme” pela medalha do Idowu, que tinha tudo para pertencer ao peito do nosso menino dourado que até teve o suposto apoio de dois australianos, um casal que se encontra duas “cabanas” ao lado da nossa, pais de uma atleta australiana que esteve presente na qualificação do dardo e que convencemos que deviam apoiar fortemente Nelson Évora…

O nosso dia não teve muito mais de emocionante, exceptuando que todos batemos o recorde pessoal de comer um hambúrguer no McDonnalds tarde, já passava da meia-noite, o que sem querer “queimar” ninguém, não foi o único grupo de jornalistas portugueses a fazê-lo, não é senhores do atletismo?...Para finalizar basta dizer que voltámos para a “cabana”, já passava da uma da manhã e quem nos trouxe até lá?! O comboio…

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