Neuroma de Morton |
Domingo, 30 Março 2008 | |
Normalmente ocorre no 3º espaço intermetatársico (entre o 3º e 4º metatarso), embora também possa ocorrer, com menos frequência, entre outros espaços intermetatársicos. Produz dor tipo queimadura, dormência ou sensação de choque eléctrico na base dos 3º, 4º e 2º dedos, podendo também disseminar-se até à ponta dos dedos. Nalguns casos ocorre também uma sensação de inchaço, parecendo que existe um corpo estranho entre os dedos. Tipicamente, quem padece de dor por neuroma de Morton consegue um alívio temporário descalçando-se, flexionando os dedos e massajando os pés. Os sintomas podem-se agravar pelo uso de sapatos estreitos e de tacão alto e pela permanência em pé durante muito tempo. Dependendo da gravidade da situação, os sintomas dolorosos podem surgir após uma longa corrida ou mesmo após uma breve caminhada. A causa primária está relacionada com diferentes factores biomecânicos. Assim sendo, caminhar descalço pode também ser doloroso devido a esta alteração funcional que modifica a relação entre os metatarsos. Esta patologia atinge com muito mais frequência as mulheres, provavelmente devido ao uso de sapatos estreitos e de tacão alto. Este tipo de calçado acrescenta ainda mais uma condição negativa que é o facto de exercer demasiada pressão sobre os metatarsos, aumentando assim o risco de compressão do nervo. O excesso de peso também é um factor de risco para o desenvolvimento de um neuroma de Morton. Um neuroma de Morton não regride espontaneamente. Normalmente, os sintomas ocorrem de forma intermitente, dependendo do grau de patologia biomecânica, do tipo de sapato e do tempo de permanência em pé. O tratamento deverá ser iniciado recorrendo-se a terapêuticas conservadoras, nas quais se incluem: • Mudança de calçado, se tal for o caso, para calçado de tacão baixo e com espaço suficiente para alojar todo o pé com conforto. • Uso de suportes plantares personalizados realizados por um Podiatra/Podologista, como consequência da avaliação biomecânica do ciclo do caminhar realizada por este, para compensar a alteração biomecânica funcional existente. • Terapêutica anti-inflamatória local e, se necessário, por via oral. As lesões dos nervos podem demorar meses a melhorar, mesmo após a correcção do problema gerador. Mais de 80% dos casos evoluem favoravelmente perante a aplicação de tratamentos conservadores. Contudo, se falharem todas as alternativas não invasivas, pode-se recorrer à remoção cirúrgica do neuroma. Se, juntamente com o neuroma, for removida uma porção do nervo, desenvolver-se-á uma dormência permanente entre os dedos. Para evitar o aparecimento de um neuroma de Morton deve-se apostar na prevenção, assegurando a funcionalidade e comportamento biomecânico adequado do membro inferior, consultando um Podiatra/Podologista. Adicionalmente deve-se utilizar sapatos de tacão baixo, confortáveis e com largura suficiente para alojar todo o pé, incluindo os dedos. É imprescindível reter que o neuroma é resultado de um traumatismo infligido a um nervo, como consequência de um pé com desequilíbrios funcionais biomecânicos, sendo primordial diagnosticar e tratar a causa da patologia. Quanto mais cedo for detectado e tratado, maior a probabilidade de sucesso do tratamento. Por Romeu Araújo – Podiatra/Podologista; Trofa - Porto, Portugal E-mail: romeuaraujo@podologista.com |
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