Valência regista "A Portuguesa" (por: Prof. Carlos Silva)

Terça, 11 Março 2008
Terminados os Campeonatos que detêm o dom de agregar todos os Continentes numa cidade de Sonhos, resta-lhes descansar, repensar, recomeçar novo processo.

No entanto, deliciemo-nos com o momento proporcionado pelos nossos tripulantes, com os quais navegámos num universo repleto de estrelas! Uma palavra para o azar de Rui Silva, um atleta particular, que não me deixa a dúvida que quando vai é para valer!!

A nota de abertura é de direito dos nossos heróis.

A “Portuguesa” é marca registada em Valência, vejamos:

- A representação nacional fez-se notar pela globalidade da sua qualidade;

- As expectativas foram cumpridas:

- 3 atletas finalistas, com 2 presenças no podium (Ouro e Bronze)

- 2 atletas dentro dos 12 primeiros;

- 2 atletas que marcaram uma presença digna e justa pelos resultados que cumpriram para merecem a mesma;

- No registo das medalhas obtidas por país, Portugal alcançou um excelente 7º posto a par com China e Austrália. Na pontuação das melhores classificações, Portugal obteve um honroso 17º lugar a par também da China e Cazaquistão;

- A bandeira portuguesa subiu por duas vezes o mastro do Palácio de Valência, e os acordes da “Portuguesa” colocou de pé a sua assistência.

O desempenho dos nossos atletas fica marcado por uma das melhores representações no respeitante à tão ansiada conquista de medalhas.

Jessica Augusto, como previsto esteve muito bem. Tendo comandado a final de 3000 metros durante o primeiro quilómetro, dando andamento a uma corrida que mais lhe interessava, obteve um Bom 8ºlugar (3ª Europeia), com uma das suas melhores marcas pessoais

Francis Obikwelu, cumpriu aquilo que tinha mostrado, sem deslumbrar, nem se apresentar acima do valor de um record nacional (que lhe pertence!). O seu estatuto de candidato, não pode tirar-nos a lucidez da “aventura” em que entramos.

Elizabete Tavares Ansel, saltou a 4,25m. Terá de saltar várias vezes a 4,40-4,45 para que a expectativa de melhor classificação seja conseguida com naturalidade.

Sandra Teixeira, não espelhou o grande momento em que se encontrava. Uma gripe é algo que surge muitas vezes quando os atletas estão em forma. Surgiu na pior momento, pelo que, a vontade e querer dos atletas nem sequer resolvem tudo.

Marco Fortes, não deu seguimento ao conjunto de resultados que vinha já cimentando. Uma palavra para o seu crescimento futuro, como referi a Taça da Europa em Leiria, e as feras dos Jogos Olimpicos são momentos que deve preparar não só tecnicamente, mas sobretudo o seu envolvimento psíquico para uma competição deste nível. Este é certamente um dos momentos chave no salto de muitos dos nossos atletas. Talento! Há e muito!! Capacidade para transformar o talento em momento desportivo, dá que trabalhar. Os atletas que refiro a seguir já “saltaram o Muro”, sendo sem dúvida duas das actuais grandes referências nacionais:

Nélson Évora esteve dentro do seu melhor de Inverno, fazendo a sua melhor época de sempre. Reafirmou o seu estatuto mundial no Triplo Salto. Idowu foi um merecido campeão, e Nélson marcou a sua 2ª medalha no espaço de 6 meses.

Naide Gomes foi uma autêntica “Pantera Cor-de-Rosa”! Ofereceu-nos o prazer de viver um real momento de sonho. Maturidade, Concentração, Alta Qualidade = 7,00m , Record Nacional, Melhor marca mundial do ano, Campeã do Mundo de Salto em Comprimento!

A dialéctica da medalha continua! Estes campeonatos traduziram o todo por que é feito o nosso atletismo. “Obrigaram” a Praça do Comércio a deslocar-se a Valencia, algo difícil, quando em tanto canto nacional se produz esforço, trabalho, o qual necessita por vezes de um simples superior olhar ou “ar” para resolver a questão.

O Atletismo justifica ?!? Não! MERECE!

Todo o resultado de nível superior é um indicador importante para a caracterização de um Nível Desportivo. Temos também consciência que podemos fazer muito melhor, e que as 199 medalhas não são um acto isolado, como a “legião estrangeira” gosta de minorar quando da sua conquista. Por seu lado, este pensamento não se justifica apenas pelas medalhas, pelos resultados. O Atletismo Merece porque tal como tantas modalidades ditas amadoras, lutam diariamente pelo enquadramento dos seus atletas, pela motivação e empenho dos seus técnicos, pelo equilíbrio da sua estrutura associativa. Quando se fala tanto em Integração Social, problemas sociais, o Desporto, e neste caso o Atletismo, desempenham um papel de destaque na “atenuação” deste problema. Muitos dos atletas, e treinadores desta selecção têm a sua veia africana! No entanto, não foram a correr naturalizar-se porque para o próximo jogo precisamos de um defesa central . . . . porque mais nenhum serve!

O Atletismo merece por uma cada vez melhor qualificação e dignificação dos seus técnicos, de forma que o seu trabalho sofra improviso mas para a melhoria técnica dos seus atletas. Merecem os atletas ter acesso às instalações financiadas pelo estado, de forma que desenvolvam o seu carácter pela prática objectivada. Merece porque todos somos Portugal, e queremos representar uma sociedade cada vez mais desenvolvida.

Sobre sociedades desenvolvidas, mais uma vez Valência regista o domínio de 2 grandes e eternas potências, os EUA e a Rússia. Obtiveram um total de medalhas muito aproximado, 13 – 12. Considerando a classificação obtida nos 8 primeiros lugares, a grande dominadora é a Rússia. Registamos uma sustentada subida do seu sector masculino, com muitos atletas finalistas. As nações que se seguem são Etiópia, e Grã-Bretanha!

Ficando registado um novo record no número de países participantes, a esse facto reforço a certeza e evidência sobre a natureza e qualidade de um continente: África. Tendo em conta que este é um ano de Jogos Olímpicos, os africanos quando entram não consomem a táctica da corrida, mas impõem o ritmo frenético que conseguem ou não aguentar.

As corridas tiveram os seus grandes momentos, com resultados raros em campeonatos, e muito menos de pista coberta, nas corridas de meio-fundo. Dos 800 aos 3000 a média de presença nos pódium deve ser aproximada a 2,8 africanos. Não esquecendo Fasuba, o Nigeriano Campeão dos 60m.

Primeira referência para a sempre Mutola, autêntica merecedora do lugar que é seu. Tomou iniciativa, lutou, mostrou qualidade para ganhar uma medalha como há 10 anos atrás!

Marcante, para além da exibição Russa nos 1500 metros, em que não apenas Soboleva ao bater o seu record do mundo em pista coberta (registando feito inédito em Valencia), como levou à alteração qualitativa do ranking mundial da distancia para as 5 primeiras classificadas.

Minuto Brilhante veio do Sudão: Abubaker Kaki Khamis brindou Valência com a corrida mais espectacular (desculpem os restantes…). 24.92(200)- 51.26(400)- 1.18.28(600)- 1.44.88(OURO) foi um momento único. Usufruiu da corda na pista coberta, mas ganhou o Ouro bem merecido, assim como todos os restantes companheiros de corrida “ganharam” com recordes nacionais, recordes pessoais, melhores marcas!

A riqueza e universalidade da modalidade é cada vez mais notória nos concursos. As grandes potencias, que continuam a ser Grandes, devem contar com o trabalho desenvolvido noutras nações.

Valencia registou Cuba no Triplo Salto a mostrar a sua escola de saltadores.

Valencia registou o valor da capacidade atlético-elástica no salto altura, confirmando os favoritos, e a espectacularidade do duelo Holm-Rybakov quando ao seu melhor nível.

Valencia registou a Lingua Portuguesa no triplo, e no Comprimento feminino onde Portugal e Brasil marcaram a dianteira.

Terminada e conquistada mais uma etapa. Estão colocadas as barreiras a transpor numa época de Verão para a qual subiu a altura da expectativa. Liu Xiang deixou o mote de como se faz e quando surge o verdadeiro campeão.

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