Esperança Legítima (por: Rafael Lopes)

Quarta, 27 Fevereiro 2008
RAFAEL LOPES

Breve currículo:
- Amante de Atletismo desde os 4 anos, altura em que começou a participar em provas de bairro.
- Líder nacional de várias especialidades nos vários escalões de formação (desde os 1000m ao salto com vara e passando pelo salto em altura).
- Atleta do Sport Lisboa e Benfica desde 2003.
- Frequenta o 2º ano de Licenciatura em Gestão de Empresas na Universidade Católica Portuguesa.
- Colaborador do Atleta-Digital.com .


Inicio a minha participação neste Especial Valência com uma breve referência às duas palavras-chave deste texto, sem a qual será impossível entendê-lo. Como tal, é necessário referir que a esperança manifesta-se simplesmente no acto de esperar, uma das virtudes teologais, e a legitimidade é apenas uma qualididade racional, justificada e alicerçada num certo direito ou norma.

A 10 dias para os campeonatos, a selecção portuguesa já está definida: Francis Obikwelu, Sandra Teixeira, Rui Silva, Jéssica Augusto, Nelson Évora, Naide Gomes, Elisabete Tavares e Marco Fortes são os legítimos representantes de Portugal em Valência já que, com maior ou menor facilidade, têm o direito de lá estar presente visto que garantiram eficazmente os (difíceis) mínimos exigidos no tempo certo. Recuperando o saber popular, diríamos que são poucos mas (muito) bons!

Estes 8 atletas portugueses são os meus atletas preferidos para esta competição. E têm de ser os preferidos de todos os amantes portugueses do atletismo já que o enorme sacrifício desenvolvido por eles tem de ser sobrevalorizado. É que neste tipo de competição, vai somente o grupo restrito de legítimos, não havendo qualquer traço de subjectividade de um seleccionador nacional como existe, por certo, no futebol...

Se estamos de acordo perante a legitimidade de esses 8 excelentes atletas competirem em Valência, também estaremos de acordo face à esperança em medalhas.

É um facto indiscutível que, actualmente, o atletismo português goza de um enorme estado de graça. É verdade que os resultados internacionais dos nossos melhores atletas trazem-nos tanta felicidade que até nos fazem esquecer que muita coisa anda torta. E eu, positivista por natureza, preciso que estes atletas me tragam felicidade para não pensar nas coisas más porque eu não quero pensar que essas ainda persistem no nosso meio. Trata-se de uma atitude bastante egoísta mas (estou certo que) é partilhada por todos aqueles que preferem viver no “neverland”.

Face a este panorama de estado de graça, seria deselegante, por exemplo, não esperar do meu amigo Nelson Évora uma medalha. Por ser campeão do mundo meritoriamente e por ter provado neste ínicio de época que aquele ceptro mundial não foi um acaso, é mais do que legítimo esperar outro feito estrondoso. Todos estamos aguardando por esse momento já que as informações à nossa disposição justificam plenamente os nossos desejos. O mesmo se poderia dizer para Naide Gomes cuja regularidade de marca augura sempre coisas boas.

A prestação de Rui Silva nos 1500m é, mais agora que nunca, uma incógnita. Mesmo estando afastado por lesões das últimas 4 grandes competições internacionais em pista e, possivelmente, com um método de treino diferente (pela mudança de treinador), é legítimo esperar que Rui Silva entre na final. E, todos sabemos que, uma vez na final, Rui Silva lutará, com certeza, pelas medalhas.

Quanto a Francis Obikwelu, o nosso atleta mais famoso a nível internacional, deseja-se (note-se que não escrevo: espera-se) que entre na final e, se o conseguir, a sua prestação terá que ser considerada bastante boa porque com a partida habitual do Francis é muito complicado bater-se com atletas mais velozes a partir em provas de 60m.

Quanto aos restantes atletas, esperemos que disfrutem ao máximo a adrenalina da competição (Marco Fortes e Elisabete Tavares) e que façam provas inteligentes (Jéssica Augusto e Sandra Teixeira) de modo a baterem records pessoais ou, mesmo, a entrarem em lugares de finalistas.

Tendo passado pelos 8 representantes nacionais e para terminar, deixo um pedido especial a todos eles. Peço-lhes que façam o seu melhor. Não precisam de ganhar, mas apenas que façam o seu melhor porque se o fizerem, eu e os outros habitantes de “neverland”, continuaremos imersos no estado de graça em que, alguns de deles, colocaram, feliz e legítimamente, o nosso atletismo.

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