[MOS13] Bondarenko recordista a duas cores

Quinta, 15 Agosto 2013
[MOS13] Bondarenko recordista a duas cores

Três lideranças mundiais do ano marcaram o sexto dia.

Os Mundiais de Atletismo viram ao sexto dia a queda do primeiro recorde dos campeonatos, numa disciplina onde o recorde do Mundo esteve em causa. 

Depois de um dia de descanso de finais, o Estádio Luzhniki trouxe à ribalta novas estrelas e novos campeões. No caso particular de hoje haviam finais muito desejadas, ainda que não tanto quanto em dias anteriores, onde Bolt e Isinbayeva fizeram as delicias do público russo. Ainda que com menos público nas bancadas a jornada de hoje acabaria por ser mais produtiva nos resultados alcançados.

O salto em altura antecipava um duelo forte entre Bohdan Bondarenko (Ucrânia) e Mutaz Barshim (Qatar), os dois principais ‘players’ da especialidade ao longo da época e que podiam lutar pela queda, até, de um recorde do Mundo, se estivessem nos melhores dias. E o dia parece ter sorrido para esta especialidade, que aos 2.38 metros viu partir aquela que era a esperança russa numa medalha, Ivan Ukhov, que acabaria quarto classificado. Talvez não se esperasse que o canadiano Derek Drouin chegasse ao recorde nacional do seu país e ficava por se saber até onde chegariam os dois mais favoritos. Quando Bondarenko conseguiu ultrapassar, à segunda tentativa, a fasquia de 2.41 metros, o Mundo veio a saber que um recorde estava batido, o da competição, recorde que estava na mão do cubano Javier Sottomayor há 20 anos. Por sinal o recorde do Mundo é também dele. Barshim adiou a luta para os 2.44 metros, mas acabou a falhar as duas restantes tentativas. Bondarenko não se desconcentrou, ele queria o recorde do Mundo e subiu a 2.46 metros, mas em vão. Foi o Ouro que desejava, o recorde não será hipótese esgotada para um próximo meeting. Ficou para a história o uso de uma sapatilha de cada cor, vermelha na esquerda, amarela na direita.

Ao longo destes dias de Mundiais há uma claque, vestida de azul e amarelo, que tem enchido dois blocos das bancadas do Estádio de Luzhniki e hoje percebeu-se claramente o seu papel, apoiar os atletas ucranianos e Bondarenko. Serão cerca de duas centenas de apoiantes vindos da Ucrânia e que têm dado vida ao pouco público presente nas bancadas. Hoje por momentos a Rússia não foi a principal atração de Moscovo, os ucranianos tiveram o dom da palavra..

Zuzana Hejnová

MAIS LIDERANÇAS MUNDIAIS DO ANO ACONTECERAM NO DIA DE HOJE

Nos 400 metros barreiras tudo se poderia equacionar à saída dos blocos, com participantes de luxo que podiam transformar esta final numa autêntica explosão de emoção. E essa emoção foi deixada no final para dois atletas, Jehue Gordon (Trinidad) e Michael Tinsley (EUA). Tinsley vinha liderando desde o início da reta da meta, mas Gordon utilizou uma chegada final rapidíssima, com o tronco a chegar um centésimo mais rápido que o de Tinsley, “roubando”, assim, uma importante medalha de Ouro para os Estados Unidos da América. A vitória de Gordon foi conseguida em 47,69 segundos. Na final não estava David Greene (Grã-Bretanha), mas estava o campeão de 2007 e 2009, Kerron Clement, que não foi além do último lugar. E ainda estava o medalha de Prata em 2011, Javier Culson, hoje apenas 6º. Por fim o campeão olímpico, Felix Sanchéz, terminou no 5º lugar, a sua sétima final na história dos 400 metros barreiras em Mundiais.

Uma das provas mais aguardadas do dia, mais pelo público internacional que o russo, era a dos 3000 metros obstáculos masculinos. Tentava-se perceber qual era a capacidade de Ezekiel Kemboi chegar à sexta medalha em Mundiais e se renovaria o título. A corrida correu de feição ao queniano que desta vez não conseguiu ganhar a devida vantagem para após o último obstáculo vir para as pistas exteriores festejar, tal era a pressão do seu colega Conseslus Kipruto. Com 8.06,01 minutos, Kemboi confirmou o favoritismo, 36 centésimos mais rápido que Kipruto, numa prova onde a Europa teve o Bronze por intermédio do francês Mahiedine Mekhissi-Benabbad. Para Kemboi foi o terceiro Ouro consecutivo em Mundiais, depois três Pratas anteriores, isolando-se ainda mais nos mais medalhados de sempre na especialidade.

Qualquer prova de 1500 metros tem tática, para lá da capacidade de correr, embora a de hoje, no setor feminino, tenha sido bipolarizada entre Abeba Aregawi (Suécia) e Jennifer Simpson (EUA). A surpresa que ambas poderiam proporcionar poderia sempre esbarrar com o poderio das atletas africanas: Hellen Obiri, Faith Kipyegon e Nancy Langat (Quenia) ou Genzebe Dibaba (Etiópia). Mas toda a surpresa proporcionou-se, apesar de ter ganho o favoritivismo da sueca, recém-naturalizada, com o tempo de 4.02,67 minutos, não cedendo a sua vitória a Simpson, que tentou no final uma forte aproximação. O continente africano teve de se contentar com Obiri, que chegou confortavelmente ao Bronze.

Face ao decorrer da época, os 400 metros barreiras femininos tinham à partida uma favorita única, a checa Zuzana Hejnová. Os 52,83 segundos que alcançou, tempo associado ao melhor tempo de reação nos blocos, fez de Hejnová um dos destaques do dia, já que a vantagem na vitória foi mais de um segundo em relação à medalha de Prata, obtida pela norte-americana Dalilah Muhammad (54,09), que arredou a compatriota Lashinda Demus para a medalha de Bronze. Se é verdade que a vitória de Hejnová é relevante, até pela aproximação ao recorde dos campeonatos, não pode ser esquecido o Bronze de Demus, a quarta medalha no seu currículo em Mundiais, igualando a liderança a esse nível de Yuliya Nosova.

A prova do triplo salto feminino era mais uma oportunidade para a Rússia tentar acompanhar os Estados Unidos da América na tabela de medalhas. Três russas faziam parte da lista de partida, nomeadamente Ekaterina Koneva, Anna Pyatykh e Irina Gumenyuk. Mas nenhuma delas conseguiu combater o poderio da colombiana Caterine Ibarguen, que depois do Bronze de Daegu, chegou ao Ouro de Moscovo. E foi literalmente um “saque” de expectativas russas, pelo menos relativamente à força do apoio vindo das bancadas. Os 14.85 metros superaram, logo ao primeiro ensaio, os 14.81 metros de Koneva e foram estes saltos que decidiram o concurso, assim como aconteceu com a medalhada de Bronze, a ucraniana Olha Saladuha, com 14.42 metros.

JAMAICA SURPREENDE AO SÓ TER QUALIFICADO UMA ATLETA PARA FINAL DOS 200 METROS

Na tabela de medalhas os Estados Unidos da América prosseguem na liderança, com mais uma medalha de Ouro que Rússia e Quénia, com ambos os países a figurarem na segunda posição. As quatro medalhas de Ouro da representação norte-americana e as três já obtidas por Rússia e Quénia, são seguidas mais atrás por um conjunto de países que têm até aqui duas medalhas de Ouro: Alemanha, Etiópia, Jamaica, Ucrânia e Grã-Bretanha. Nos pontos os Estados Unidos da América são muito mais esclarecedores, com 163 pontos, contra os 99 pontos obtidos pela Rússia e os 83 alcançados pelo Quénia. A esse nível Portugal desceu vários patamares, para agora ser o 34º melhor país presente em Moscovo, com 6 pontos apenas.

As surpresas do dia não são muitas, ainda que sonantes. Sempre difícil, o lançamento do dardo masculino parece ter trazido o finlandês Tero Pitkamaki à ribalta dos grandes palcos, acabando o melhor na qualificação para a final, com 84.39 metros. A qualificação acabaria, contudo, com o destaque do egípcio Ihab el Sayed, que com o país em plena revolução, acabaria com 83.62 metros, novo recorde nacional. Já as meias-finais dos 200 metros femininos acabaram terrivelmente para a Jamaica, que teve duas atletas em muito mau plano. Patricia Hall foi apenas 22ª classificada, com 23,26 segundos, enquanto Anneisha Mclaughlin foi nitidamente a pior marca, com 27,13 segundos, após lesão, já na reta da meta.

CAMPEÕES (dia 6)
Salto em Altura Masc – Bohdan Bondarenko (Ucrânia) – 2.41
400 m Barreiras Masc - Jehue Gordon (Trinidad) – 47,69
3000 m Obstáculos Masc – Ezekiel Kemboi (Quénia) – 8.06,01
1500 m Fem - Abeba Aregawi (Suécia) – 4.02,67
400 m Barreiras Fem - Zuzana Hejnová (Rep. Checa) – 52,83
Triplo Salto Fem - Caterine Ibarguen (Colômbia) – 14.85

Abeba Aregawi

Caterine Ibarguen

Jehue Gordon

Exekiel Kemboi

Enviados Especiais: Edgar Barreira (texto) e Filipe Oliveira (fotos)

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